A Embaixada paraguaia foi a Jerusalém e voltou para trás

por RTP
Horacio Cartes (esq.) e Netanyahu, em 19 de Julho, na inauguração da Embaixada paraguaia. Gali Tibbon, Reuters

O Paraguai foi o terceiro país a mudar a sua Embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. Há quatro meses, o primeiro-ministro israelita esteve presente na inauguração das novas instalações e festejou-a com estrondo. Agora, o Paraguai é o primeiro dos três países a voltar atrás e Netanyahu, com idêntico estrondo, manda encerrar a Embaixada israelita em Asunción.

Depois dos Estados Unidos e da Guatemala, foi o Paraguai o terceiro país a romper a linha da comunidade internacional, que consiste em não tomar decisões sobre o estatuto de Jerusalém, enquanto não houver um acordo de paz israelo-palestiniano.

No momento da inauguração, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyah pronunciara um discurso ditirâmbico, , afirmando que se tratava de "um grande dia para Israel, um grande dia para o Paraguai, um grande dia para a nossa amizade". E prometeu que a cooperação israelo-paraguaia "fluirá como água".

A Autoridade Palestiniana, pelo contrário, denunciara na altura a decisão paraguaia como um acto de agressão contra o povo palestiniano, uma violação das resoluções da ONU e um acto de subserviência do Paraguai perante os Estados Unidos.

O então presidente do Paraguai, Horacio Cartes, fora eleito em 2013 com uma equipa de assessores de campanha israelitas, incluindo o antigo chefe de gabinete de Netanyahu, Ari Harow. Fora depois, em 2016, o primeiro dirigente do país a visitar Israel.

Entretanto, terminou o mandato de Cartes e foi eleito presidente o seu correligionário Mario Abdo, que lembrou não ter sido consultado para essa decisão tomada mesmo no final da presidência de Cartes. Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros Luis Alberto Castiglioni anunciou que a Embaixada paraguaia voltaria para de onde veio.

O ministro explicou que o Paraguai quer agora "contribuir para uma intensificação dos esforços diplomáticos regionais para conseguir uma paz ampla, justa e duradoura no Médio Oriente".

Segundo o diário conservador israelita Jerusalem Post, a decisão é considerada um grave revés para a política externa israelita, que a ele reagiu com irritação. Segundo uma declaração do gabinete do primeiro-ministro, "Israel encara com extrema gravidade a insólita decisão do Paraguai, que lança uma núvem sobre as relações entre os [dois] países". E, mais do que o dito, o feito: Israel encerra a Embaixada na capital paraguaia, deixando os dois países muito próximos de uma ruptura de relações.

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