"A ordem deve prevalecer". Biden quebra o silêncio sobre protestos nas universidades

por Andreia Martins - RTP
Foto: Nathan Howard - Reuters

O presidente norte-americano falou esta quinta-feira sobre os protestos que têm ocorrido em várias universidades norte-americanas devido ao conflito em Gaza. Joe Biden considerou que os norte-americanos têm o direito de se manifestar, mas não podem adotar comportamentos violentos. "Existe direito ao protesto, mas não o direito de provocar o caos", vincou.

Com um clima de tensão crescente em algumas das principais universidades do país, o presidente norte-americano quebrou o silêncio ao fim de várias semanas sem mencionar o tema. Em conferência de imprensa, Joe Biden frisou que os Estados Unidos não são uma nação autoritária que silencia as críticas, mas que “a ordem devem prevalecer”.

“Destruir propriedades não é um protesto pacífico. É contra a lei. Vandalismo, invasão de propriedade, partir janelas, encerramento dos campus, forçar o cancelamento de aulas e cerimónias de graduação – nada disso é protestar pacificamente”, vincou o presidente norte-americano.

Joe Biden considera que deve haver espaço para a dissidência pacífica, mas que os atos de violência não podem ser tolerados.

“A dissidência é essencial para a democracia, mas nunca deve levar à desordem ou à negação dos direitos dos outros, impedindo estudantes de terminar o semestre e a sua educação universitária”, assinalou.

Questionado sobre se os governadores dos vários Estados deveriam convocar, em caso de necessidade, a Guarda Nacional dos EUA para restaurar a ordem, Joe Biden respondeu categoricamente: “Não”, afirmou.

Por outro lado, adiantou que estes protestos não o fazem reconsiderar a posição do Governo norte-americano perante a guerra na Faixa de Gaza, um tema fraturante que poderá ser decisivo nas eleições presidenciais, que se realizam a 5 de novembro.

"Não deveria haver lugar, em qualquer campus, ou na América, para o antissemitismo, ou ameaças de violência contra estudantes judeus. Não há lugar para discursos de ódio, ou qualquer tipo de violência, seja antissemitismo ou islamofobia, ou discriminação contra árabes americanos ou palestinianos americanos", afirmou ainda Joe Biden.

O presidente acrescentou que "não há lugar ao racismo" nos EUA e que esse comportamento é mesmo "antiamericano".

"Sei que as pessoas têm emoções fortes e profundas convicções. Nos EUA, respeitamos e protegemos o seu direito de o expressar. Mas isso não significa que valha tudo", considerou.

Nos protestos, os manifestantes em algumas das principais universidades norte-americanas têm exigido um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e impõem ainda que as instituições que frequentam se desvinculem de empresas e patronos que apoiam o Governo de Israel.

Nas últimas semanas, os protestos contra a guerra no Médio Oriente têm varrido vários campus das mais prestigiadas universidades dos Estados Unidos. Houve, em vários casos, intervenção por parte da polícia a pedido das próprias instituições, perante a recusa por parte dos manifestantes em remover os acampamentos.

A situação escalou sobretudo na Universidade da Califórnia (UCLA), onde a polícia norte-americana entrou na quarta-feira. Após a entrada no campus, as autoridades começaram nas últimas horas a passar as barreiras ergudas pelos manifestantes pró-palestinianos, numa operação para desmantelar os protestos.

(com agências)
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