Abertos processos para investigar ataque a quartel e assassínio de suspeitos em São Tomé

por Carlos Santos Neves - RTP
O primeiro-ministro são-tomense descreveu na sexta-feira o ataque como “uma tentativa de golpe de Estado” RTP

O Ministério Público de São Tomé e Príncipe decidiu abrir dois processos-crime tendo em vista investigar o assalto de sexta-feira a um quartel militar, ação que o primeiro-ministro do país, Patrice Trovoada, classificou como “tentativa de golpe de Estado”, e os presumíveis homicídio e tortura de quatro suspeitos. A prestar assistência às autoridades são-tomenses vão estar cinco elementos da Polícia Judiciária e um outro do Instituto de Medicina Legal de Portugal.

A notícia foi avançada este sábado pela agência Lusa, que cita fonte judicial.

O ataque ao quartel perdurou por cerca de seis horas, tendo sido ouvidas trocas de disparos e explosões. Acabaria por ser neutralizado perto das 6h00 de sexta-feira. Foram detidos quatro suspeitos e alguns operacionais militares alegadamente envolvidos no assalto.

Três dos presumíveis atacantes morreram, tal como Arlécio Costa - antigo oficial do batalhão Búfalo condenado em 2009 por tentativa de golpe de Estado -, suspeito que havia sido transportado pelos militares para o quartel ao amanhecer de sexta-feira.Segundo a mesma fonte judicial, a divulgação de fotografias dos detidos mortos e com aparentes marcas de agressões geraram “alarme público”.

No Twitter, Ana Gomes revelou ter tido acesso a fotografias e instou a uma “investigação internacional independente”.

Delfim Neves entre os detidos
Na manhã de sexta-feira, os militares são-tomenses detiveram o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, atual deputado pelo movimento Basta, e Arlécio Costa - apontados como mandantes pelos próprios atacantes do quartel.

O acesso ao complexo militar foi facilitado por efetivos no interior, tendo sido detidos pelo menos três cabos. O oficial de dia foi feito refém e ficou ferido com gravidade depois de sofrer agressões.

Dezenas de detidos foram transferidos das instalações militares para as sedes da Polícia Judiciária e da Polícia Nacional – diligência, assinala a Lusa, que foi acompanhada pelo escritório da ONU em São Tomé, em articulação com o presidente da República, Carlos Vila Nova, e o procurador-geral Kelve Nobre de Carvalho.

c/ Lusa
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