Acordo nuclear. Irão considera aceitável o plano francês para reatar negociações

por RTP
Macron com Rohani John Irish, Reuters

Depois de ter recusado um encontro com Donald Trump, o presidente iraniano Hassan Rohani comentou favoravelmente as diligências francesas para intermediar um restabelecimento do diálogo com os Estados Unidos. Mas também apontou uma incongruência fundamental.

Segundo Rohani, citado pela agência Reuters, as potências europeias têm dito em privado aos seus interlocutores iranianos que os EUA estão prontos a reatar o diálogo, mas publicamente Trump continua a ameaçar com um agravamento das sanções.

Rohani disse, nomeadamente: "Em duas ocasiões, no seu discurso na ONU e noutro momento, disse o presidente americano explicitamente que quer intensificar as sanções. A estes amigos europeus, eu perguntei: qual é então a parte que devemos aceitar? Devemos aceitar a vossa palavra de que a América está pronto [para o diálogo]? Ou as palavras do presidente da América, que em24 horas disse por duas vezes explicitamente que quer intensificar as sanções?"

Depois desta série de perguntas retóricas, Rohani concluiu que os europeus "não tinham uma resposta clara".

Por outro lado, o líder religioso supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, disse hoje que o Irão continuará a reduzir os seus compromissos com o acordo nuclearde 2015 até obter o resultado pretendido. O acordo denunciado unilateralmente pela Administração Trump continuou inicialmente a ser observado pelo Irão e pelas potências europeias signatárias, embora estas fossem paulatinamente reduzindo a sua permanência no acordo a uma formalidade cada vez mais vazia, por receio às retaliações norte-americanas.

Perante este quadro, o Irão tem vindo a anunciar passos sucessivos e graduais do seu próprio descomprometimento com esse acordo que a outra parte, explicita ou tacitamente, foi entretanto abandonando. Khamenei limitou-se portanto a reafirmar a orientação conhecida da política externa iraniana.
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