Advogada de Assange espera que EUA abandonem processo se Trump perder eleições

por Lusa

A advogada de Julian Assange, Jennifer Robinson, considera possível que que os Estados Unidos abandonem a acusação contra o fundador do WikiLeaks se o Presidente Donald Trump não for reeleito, afirmou hoje. 

"A administração Trump tomou um caminho diferente da administração Obama ao insistir neste caso. Esperamos que uma administração democrata reverta esta política e volte à posição adotada pela administração de Obama por causa dos problemas que vai criar para os jornalistas nos EUA. Mas não temos garantias", disse hoje numa conferência de imprensa organizada pela Associação da Imprensa Estrangeira no Reino Unido. 

Donald Trump enfrenta o democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 03 de novembro. 

A advogada reiterou existirem indícios de "interferência política" por detrás do pedido de extradição que atualmente está nos tribunais britânicos para ser julgado nos EUA por alegada espionagem e uso indevido de computador. 

O portal WikiLeaks publicou há uma década documentos militares secretos dos EUA que expuseram irregularidades militares dos EUA no Iraque, nomeadamente um vídeo de um ataque com um helicóptero Apache em 2007 pelas forças americanas em Bagdad que matou 11 pessoas, incluindo dois jornalistas da Reuters.

A juíza britânica Vanessa Baraitser anunciou na quinta-feira, após quatro semanas de audiências no Tribunal Criminal de Old Bailey, em Londres, que pretende publicar a 04 de janeiro a decisão sobre o pedido de extradição de Julian Assange.

Porém, Jennifer Robinson está convicta de que o caso vai prolongar-se por vários anos devido a questões de natureza constitucional, que só podem ser analisadas pelo Supremo Tribunal de Justiça britânico, ou humanitários, e que poderão ser referidas para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. 

A advogada disse não existirem perspetivas de liberdade condicional para o australiano de 49 anos porque ele foi condenado anteriormente a uma infração das medidas de coação decretadas em 2012, quando se refugiou na embaixada do Equador em Londres, onde ficou durante sete anos. 

O pai do ativista, John Shipton, qualificou a forma como o filho tem enfrentado processos jurídicos consecutivos e vivido preso ou em reclusão um "homicídio lento que está a aumentar em intensidade e trajetória". 

Shipton disse que Assange está afetado "emocionalmente e fisicamente" devido às restrições no contacto com o exterior e que o próprio progenitor deixou de lhe ter acesso devido às medidas para proteger as prisões de infeções de covid-19. 

`A última vez [que o visitei] foi antes da covid-19, há sete meses. A Stella [Morris] visitou-o com as crianças e agora têm uma visita mensal de 45 minutos. Mas é complicado, o Julian tem de usar equipamento de proteção e se as crianças o abraçam, tem de passar duas semanas em total isolamento", contou. 

Em abril, o jornal Daily Mail revelou que a advogada de defesa Stella Morris tinha iniciado uma relação com Assange em 2015, quando o fundador do Wikileaks ainda estava dentro da embaixada do Equador, e o casal teve dois filhos. 

Se for extraditado e condenado nos EUA por espionagem, Julian Assange pode incorrer numa pena de até 175 anos de prisão, mas o fundador do Wikileaks argumenta que agiu como jornalista e tem direito à proteção da Primeira Emenda da Constituição norte-americana, que protege a liberdade de expressão.


 

Tópicos
pub