Aeronáutica brasileira detecta destroços no Atlântico

As buscas conduzidas pela Força Aérea Brasileira ao longo da rota calculada do Airbus A-330, dado como desaparecido desde segunda-feira, permitiram detectar destroços que podem pertencer ao aparelho. Os primeiros vestígios de um desastre aéreo foram encontrados a 650 quilómetros a nordeste do arquipélago brasileiro de Fernando de Noronha.

RTP /
O coronel Jorge Amaral afirmou que a localização dos destroços pode indiciar que "o aparelho tentou virar à direita" António Lacerda, EPA

O primeiro conjunto de destroços que poderão pertencer ao voo 447 da transportadora Air France foi detectado por um avião Embraer R-99 da Força Aérea Brasileira (FAB) equipado com radar. Os vestígios, adiantou em Brasília o coronel Jorge Amaral, subchefe de comunicação da FAB, incluem uma cadeira, uma bóia alaranjada, querosene e óleo.

O porta-voz da Força Aérea sublinhou que as autoridades brasileiras ainda não estão em condições de confirmar se os destroços pertencem ao Airbus A-330 dado como desaparecido na noite de domingo para segunda-feira. Isto, porque "é necessário que sejam retiradas das águas essas peças". A ligação dos vestígios ao desaparecimento do avião da Air France está condicionada à recuperação de "uma peça com um número de série", ou outro tipo de identificação.

O Embraer R-99, a versão brasileira dos aparelhos AWACS utilizados pela NATO, detectou os destroços cerca da 1h00 (5h00 em Lisboa). As coordenadas apuradas pela Força Aérea Brasileira situaram os vestígios 650 quilómetros a nordeste do arquipélago de Fernando de Noronha. Quatro horas depois, a tripulação de um Hércules C-130 da FAB avistou pedaços metálicos de cor branca dispersos por uma área de 60 quilómetros.

Buscas envolvem meios de Brasil, Estados Unidos e França

As operações de busca, que envolvem nove aviões, dois helicópteros e três navios mobilizados pelas autoridades brasileiras, francesas e norte-americanas, estão a ser conduzidas num raio de intervenção que se estende por mais de 1.100 quilómetros a partir da cidade de Natal, na costa nordeste do Brasil.

As autoridades brasileiras destacaram seis aviões, dois helicópteros e três navios para as buscas no Oceano Atlântico. A França mobilizou dois aviões de reconhecimento de uma base militar de Dacar, no Senegal, e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos enviou um aparelho militar de observação com uma equipa de peritos a bordo.

As primeiras informações sobre presumíveis indícios relacionados com o desaparecimento do voo AF 447 foram relatadas por um piloto da transportadora brasileira TAM em espaço aéreo do Senegal, pouco depois da última comunicação automática emitida pelo Airbus A-330. O piloto afirmou, então, ter observado manchas alaranjadas, mas o relato não chegou a ser confirmado pelas autoridades aeronáuticas do Brasil.

Em declarações à agência France Presse, o coronel Jorge Amaral afirmou que a localização dos destroços, a nordeste do arquipélago de Fernando de Noronha, pode indiciar que "o aparelho tentou virar à direita" antes de mergulhar nas águas do Atlântico.

Airbus deixou de emitir dados após quatro horas de voo

O Airbus A-330 da Air France descolou do Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, cerca das 23h00 de domingo (hora de Lisboa) e deveria ter aterrado no Aeroporto de Roissy-Charles de Gaulle, em Paris, ao início da manhã de segunda-feira. A bordo do aparelho seguiam 216 passageiros e 12 tripulantes.

O último contacto entre o avião e as autoridades aeronáuticas do Brasil foi efectuado três horas e 36 minutos depois da descolagem. Após quatro horas de voo, o Airbus terá encontrado turbulência. Catorze minutos mais tarde, foi emitida uma mensagem automática para a sede da Air France a dar conta de problemas eléctricos. Foi nesse momento que o A-330 deixou de transmitir dados.

Ao serviço da frota da Air France desde 2005, o avião tinha sido inspeccionado em meados de Abril e era pilotado por um comandante experiente com 11 mil horas de voo, das quais 1.700 em modelos A-330 e A-340. Na zona da última comunicação do aparelho, a nordeste do arquipélago de Fernando de Noronha, são frequentes as situações de turbulência causadas pela colisão de massas de ar dos hemisférios Norte e Sul.

O avião da empresa francesa transportava 228 pessoas de 32 nacionalidades. A mais representada era a francesa, com 73 pessoas (61 passageiros e 12 elementos da tripulação).

Outros 58 ocupantes tinham nacionalidade brasileira e 26 eram alemães. A lista de passageiros inclui ainda chineses (9), italianos (9), suíços (6), britânicos (5), libaneses (5), húngaros (4), eslovacos (3), noruegueses (3), irlandeses (3), norte-americanos (2), espanhóis (2), marroquinos (2) e polacos (2).

Com apenas um passageiro foram registadas as nacionalidades sul-africana, argentina, austríaca, belga, canadiana, croata, dinamarquesa, islandesa, estónia, gambiana, holandesa, filipina, romena, russa, sueca e turca. A lista de passageiros não inclui cidadãos portugueses.

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