Afeganistão produz mais ópio do que antes da invasão

por RTP
Campo de papoilas em Jalalabad Parwiz, Reuters

A produção-record de ópio afegão, em 1997, foi largamente ultrapassada, segundo um relatório do Gabinete da ONU para o Combate às Drogas e ao Crime (UNODC). A produção tem estado a crescer até nas regiões mais inesperadas do país, como aquelas em que foram destruídas plantações por ordem do Governo.

Segundo o chefe da UNODC, Juri Fedotow, a área cultivada com papoilas dormideiras saltou dos 154.000 hectares do ano passado para os 209.000 hectares de 2013. Com isso, foi batida cifra-record, de 193.000 hectares, registada quatro anos antes da invasão por tropas da NATO.

O Afeganistão mantém-se como principal produtor mundial de ópio, com uma produção de 5.500 toneladas, que representa 80 por cento do total mundial. As receitas da venda do ópio, no valor de 950 milhões de dólares, correspondem a cerca de 4 por cento do PIB afegão. Mas 90 por cento dos lucros obtidos no negócio ficam fora do país, pelo que a UNODC reconhece que “nenhum país pode ser deixado sozinho a braços com a solução de problemas tão gigantescos”.

As operações ordenadas pelo Governo contra a plantação de papoilas dormideiras saldam-se habitualmente em confrontos violentos. Daí resultaram no ano passado 102 mortos e em 2013, até agora, 143.

O salto na produção de ópio explica-se essencialmente pela subida dos preços de mercado mundial, em que o quilograma está a render 145 dólares. Por outro lado, admite-se que a incerteza política resultante da retirada de tropas da NATO e das eleições marcadas para o próximo ano esteja a induzir os camponeses a refugiarem-se numa cultura mais rentável do que as outras.
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