Agência Africana de Medicamentos pode "africanizar" investigação na saúde

por Lusa

O enviado especial da União Africana para a Agência Africana de Medicamentos, Michel Sidibé, defendeu hoje a necessidade de "africanizar" a investigação e desenvolvimento científicos na área da saúde devido à atual dependência dos países desenvolvidos. 

Criticando a desigualdade na distribuição mundial das vacinas contra a covid-19 que está a atrasar o acesso em África e a falta de capacidade de produção no continente, o antigo ministro da Saúde do Mali defendeu a importância de desenvolver capacidade para investigar certas doenças que afetam o continente. 

"A Agência Africana de Medicamentos será capaz de fortalecer a capacidade de investigação e desenvolvimento. Está na hora de africanizarmos a investigação e o desenvolvimento. Sabemos que, por exemplo, a malária foi descoberta há 141 anos, mas ainda não temos vacina", exemplificou.

Sidibé falava no simpósio "Política de recuperação em África: acesso e fabrico de vacinas", organizado pelo Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House. 

A Agência Africana de Medicamentos foi estabelecida em 2019 no âmbito da União Africana, mas até agora só nove dos 55 países membros ratificaram o tratado: Argélia, Burkina Faso, Gana, Guiné, Mali, Namíbia, Ruanda, Seicheles e Serra Leoa. 

O objetivo é harmonizar o sistema de regulamentação de medicamentos e fazer os países cumprirem as melhores práticas internacionais, procurando combater medicamentos e produtos médicos de baixa qualidade ou falsificados. 

A agência, vincou Sidibé, também pode aumentar a capacidade de produção de medicamentos e vacinas no futuro, citando estudos que indicam que o setor farmacêutico africano cresça de 20 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros) em 2012 para 66 mil milhões de dólares (57 mil milhões de euros) em 2022. 

"Vai ser o mercado o crescimento mais rápido do mundo. Estima-se que o setor de saúde e bem-estar na África tenha um valor aproximado de 255 mil milhões de dólares (220 mil milhões de euros) até 2030, com potencial para criar mais de 16 milhões de empregos", afirmou. 

Nicaise Ndembi, consultor científico do Centro Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), defendeu ser possível que, até 2040, África possa produzir 60% das vacinas usadas no continente. 

Angola foi um dos 17 países africanos que manifestou interesse em acolher unidades de produção de vacinas.

"Estamos a olhar para o espetro de doenças em todo o continente, incluindo difteria, hepatite B, sarampo ou febre tifoide", enumerou. 

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