Agência da ONU lamenta "banalização" da escalada atómica do Irão

por Lusa

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, lamentou hoje o que considera ser a banalização da escalada nuclear do Irão, perante a apatia da comunidade internacional.

"Há uma certa banalização do que está a acontecer e isso preocupa-me porque os problemas são tão válidos hoje como eram ontem", disse Rafael Grossi numa conferência de imprensa, na sede da organização em Viena, no primeiro dia de uma reunião do Conselho de Governadores.

Grossi diz que nota "um declínio no interesse" dos estados-membros, enquanto os EUA e os três países europeus unidos no grupo E3 (França, Alemanha e Reino Unido) parecem não conseguir apresentar uma resolução, denunciando a falta de cooperação do Irão na monitorização do seu programa nuclear.Os

Os Estados Unidos e o Irão chegaram a um acordo, em agosto, sobre a libertação de prisioneiros, no âmbito da revitalização do acordo nuclear iraniano.

Os especialistas olharam para esse progresso como um sinal de alívio das tensões entre os dois países, que não mantêm relações diplomáticas desde a Revolução Islâmica de 1979.

"Estamos cientes da existência de uma espécie de processo bilateral, do qual os Estados Unidos nos informaram. Mas no que diz respeito ao tema nuclear, não sabemos exatamente do que se trata", comentou o chefe da AIEA.

Em recentes relatórios, a AIEA criticou uma reinstalação - considerada demasiado lenta - de câmaras de vigilância, bem como a ausência de explicações sobre os vestígios de urânio descobertos em dois locais não declarados.

Há mais de dois anos que a agência da ONU tem-se esforçado para controlar o programa nuclear do Irão, que continua a aumentar de dimensão, embora Teerão negue querer desenvolver uma bomba atómica.

"Tenho consciência de que há muitas questões urgentes na agenda internacional, mas é importante continuar a apoiar a AIEA", insistiu Rafael Grossi.

A República Islâmica continua a sair dos compromissos assumidos no âmbito do acordo de 2015, em reação à saída unilateral do tratado por parte dos Estados Unidos, em 2018, decidida pelo ex-Presidente Donald Trump.

 

 

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