O principal candidato a chanceler alemão, Friedrich Merz, nas próximas eleições de 23 de fevereiro, disse estar confiante de que o seu partido União Democrata-Cristã (CDU) vai ganhar as eleições "com um resultado muito bom", muito à frente do segundo favorito nas sondagens, o Alternativa para a Alemanha (AfD). Durante um discurso combativo, na segunda-feira, em Berlim, o líder dos conservadores prometeu "nunca" cooperar com o partido da extrema-direita, que considerou ser o "adversário mais importante".
"Não trabalharemos com a Alternativa para a Alemanha - nem antes, nem depois (das eleições) - nunca", garantiu Friederich Merz. O Alternativa para a Alemanha (AfD) "é contra tudo o que nosso país e o nosso partido construíram nos últimos anos e décadas". "É o nosso adversário mais importante nesta campanha eleitoral. Queremos torná-lo pequeno, queremos torná-lo uma nota de rodapé", disse.
Diante de um congresso da União Democratã-Cristã, Merz voltou a defender as suas propostas duras em matéria de migração e criticou a onda de protestos da semana passada despoletada pela apresentação do seu projeto de lei de combate à imigração irregular.
O atual líder da oposição conservadora alemã criticou os milhares de manifestantes que saíram à rua em toda a Alemanha para protestarem contra a sua aposta arriscada de uma cooperação não formal com o Alternativa para a Alemanha (AfD), violando assim a promessa não escrita de nunca aprovarem qualquer resolução com o apoio de um partido de extrema-direita ou nacionalista. "Digo a todos aqueles que saíram ontem à rua: escolheram a data errada e o tema errado", afirmou.
"Quero saber: onde está a revolta das pessoas decentes?", face a um "ódio a Israel nunca antes visto", desde os ataques do Hamas a 7 de outubro, e a "um antissemitismo que nos envergonha profundamente a todos contra o qual a reação tem sido demasiado hesitante", ironizou Friedrich Merz.
Uma mensagem de lei e ordem
Na última semana de campanha eleitoral, o líder da CDU defendeu que os partidos tradicionais tinham de dar uma resposta mais firme aos crimes violentos para não perderem terreno para os extremistas, como é o caso do Alternativa para a Alemanha.
"Os surtos de violência nas nossas ruas e em zonas bem conhecidas da cidade em torno de certos eventos, como a véspera de Ano Novo e o 1º de Maio, minam a fé da nossa população no Estado de direito e permitem que o nosso Estado pareça muitas vezes impotente e indefeso", afirmou."Se não o conseguirmos fazer nos próximos anos, a Alemanha arrisca-se a cair num populismo de esquerda ou de direita", afirmou.
Na semana passada o Parlamento alemão rejeitou um projeto de lei apresentado por Friederich Merz com o apoio da CDU que apelava a medidas mais rigorosas de combate à imigração irregular, incluindo a devolução de um maior número de pessoas na fronteira.
O projeto que não chegou a ver a luz do dia quebrou um tabu contra a cooperação com o partido de extrema-direita e mereceu severas críticas dos partidos de centro-esquerda e de especialistas de todo o espetro político, incluíndo de membros dissidentes da própria CDU como a sua antecessora Angela Merkel.
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