Mundo
Alemanha recusa. Polónia apresenta fatura bilionária por perdas na II Grande Guerra
As reparações da II Grande Guerra são um assunto cíclico que muitos verão como uma tentativa apenas de arreliar a Alemanha. É também um tema que surge em épocas de crise, ou de aproximação dela. Depois de os gregos terem vindo exigir milhões aos alemães durante os anos da troika, chegou agora a vez de os polacos apresentarem a fatura por reparações relativas àquele período: 1,3 mil milhões de euros, qualquer coisa, como disse há uma década o historiador alemão Albrecht Ritschl, para deixar os alemães sem camisa. Berlim já veio dizer que nada deve a ninguém.
Em 2011, em entrevista a Der Spiegel sobre o tema, Albrecht Ritschl aconselhava os bancos alemães então credores da Grécia a moderarem a sua sofreguidão cobradora, entre outras razões, porque o calote da Segunda Guerra Mundial ainda estava vivo na memória do povo grego e uma cobrança dessas reparações alemãs, não só da Grécia mas de outros países que se chegassem à frente, “despojar-nos-ão de tudo, até da camisa”.
Entretanto, uma crise avança novamente no horizonte e o tema volta a ser acordado do seu sono, desta vez com a Polónia a estimar em 1,3 biliões de euros o montante da dívida da Alemanha ao país por reparações devidas da II Grande Guerra.
Num argumento repisado por Berlim, o suposto devedor alega que todos os pedidos do género ligados ao seu período negro já estão sanados, mas na Polónia a ideia é outra.
O assunto está a merecer o cuidado de uma equipa de três dezenas de economistas, historiadores e outros especialistas que desde 2017 estima os custos dos cinco anos de ocupação do país pelo regime nazi.
Admitindo que será “um caminho longo e difícil”, Jaroslaw Kaczynski, líder do partido nacionalista no poder Lei e Justiça (PiS), já fez saber que a Polónia vai avançar oficialmente com o pedido de reparação.
Nas contas estimadas por Varsóvia em 2019, falava-se em 850 milhões de euros, mas o montante a que chegou agora a equipa de investigadores ultrapassa em muito esse valor.
Trata-se de um tema querido para os nacionalistas, que desde que chegaram ao poder em 2015 vêm deixando avisos aos alemães para a necessidade de cumprirem estas compensações. “O montante então apresentado foi fruto de um método de cálculo mais limitado e conservador, seria possível aumentá-lo", disse Kaczynski em conferência de imprensa.
Kaczynski falava no lançamento do relatório concluído pelos especialistas, num dia em que se assinalam os 83 anos desde o início da Segunda Guerra Mundial.
“Não apenas preparámos o relatório, como tomámos a decisão sobre os próximos passos. Vamos pedir à Alemanha para abrir negociações sobre as indemnizações”, vincou Kaczynski.
O Governo polaco argumenta que o país foi a primeira vítima da guerra e nunca foi totalmente compensado pela vizinha Alemanha, rejeitando a declaração de 1953, feita pelos então líderes comunistas do país, sob pressão da União Soviética, concordando em não fazer mais reivindicações à Alemanha.
Polónia ocupada
Durante os cinco anos de ocupação alemã terão morrido seis milhões de polacos, entre eles três milhões de judeus polacos.
Varsóvia seria ainda arrasada no levantamento de Varsóvia de 1944, no qual morreriam 200 mil civis.
A guerra foi “uma das tragédias mais terríveis da nossa história”, declarou o presidente Andrzej Duda durante as cerimónias que tiveram lugar nos arredores de Gdansk, um dos primeiros lugares a ser atacados pelos nazis.
O assunto não reúne, no entanto, o consenso de todas as forças partidárias da Polónia. Donald Tusk, ex-presidente do Conselho Europeu e líder da Plataforma Cívica, o maior partido da oposição, disse já hoje que o anúncio de Kaczynski “não tem a ver com reparações (…) Trata-se de uma campanha política interna para reconstruir o apoio ao partido no poder”.
O PiS, apesar de continuar no topo das sondagens, viu essa margem reduzir-se nos últimos meses, somando-se as críticas de que tem sido alvo por incapacidade na gestão da inflação e para inverter o período atual de fraco crescimento económico.
Entretanto, uma crise avança novamente no horizonte e o tema volta a ser acordado do seu sono, desta vez com a Polónia a estimar em 1,3 biliões de euros o montante da dívida da Alemanha ao país por reparações devidas da II Grande Guerra.
Num argumento repisado por Berlim, o suposto devedor alega que todos os pedidos do género ligados ao seu período negro já estão sanados, mas na Polónia a ideia é outra.
O assunto está a merecer o cuidado de uma equipa de três dezenas de economistas, historiadores e outros especialistas que desde 2017 estima os custos dos cinco anos de ocupação do país pelo regime nazi.
Admitindo que será “um caminho longo e difícil”, Jaroslaw Kaczynski, líder do partido nacionalista no poder Lei e Justiça (PiS), já fez saber que a Polónia vai avançar oficialmente com o pedido de reparação.
Fatura aumentou desde 2019
Nas contas estimadas por Varsóvia em 2019, falava-se em 850 milhões de euros, mas o montante a que chegou agora a equipa de investigadores ultrapassa em muito esse valor.
Trata-se de um tema querido para os nacionalistas, que desde que chegaram ao poder em 2015 vêm deixando avisos aos alemães para a necessidade de cumprirem estas compensações. “O montante então apresentado foi fruto de um método de cálculo mais limitado e conservador, seria possível aumentá-lo", disse Kaczynski em conferência de imprensa.
Kaczynski falava no lançamento do relatório concluído pelos especialistas, num dia em que se assinalam os 83 anos desde o início da Segunda Guerra Mundial.
“Não apenas preparámos o relatório, como tomámos a decisão sobre os próximos passos. Vamos pedir à Alemanha para abrir negociações sobre as indemnizações”, vincou Kaczynski.
O Governo polaco argumenta que o país foi a primeira vítima da guerra e nunca foi totalmente compensado pela vizinha Alemanha, rejeitando a declaração de 1953, feita pelos então líderes comunistas do país, sob pressão da União Soviética, concordando em não fazer mais reivindicações à Alemanha.
Polónia ocupada
Durante os cinco anos de ocupação alemã terão morrido seis milhões de polacos, entre eles três milhões de judeus polacos.
Varsóvia seria ainda arrasada no levantamento de Varsóvia de 1944, no qual morreriam 200 mil civis.
A guerra foi “uma das tragédias mais terríveis da nossa história”, declarou o presidente Andrzej Duda durante as cerimónias que tiveram lugar nos arredores de Gdansk, um dos primeiros lugares a ser atacados pelos nazis.
O assunto não reúne, no entanto, o consenso de todas as forças partidárias da Polónia. Donald Tusk, ex-presidente do Conselho Europeu e líder da Plataforma Cívica, o maior partido da oposição, disse já hoje que o anúncio de Kaczynski “não tem a ver com reparações (…) Trata-se de uma campanha política interna para reconstruir o apoio ao partido no poder”.
O PiS, apesar de continuar no topo das sondagens, viu essa margem reduzir-se nos últimos meses, somando-se as críticas de que tem sido alvo por incapacidade na gestão da inflação e para inverter o período atual de fraco crescimento económico.