Alerta Leão XIV. Conflitos sangrentos estão a colocar futuro da humanidade em risco

O papa Leão XIV fez um fervoroso apelo às várias comunidades do Líbano para que se unam no sentido de resolver os inúmeros problemas do país em crise.

Cristina Sambado - RTP /
Mohamed Azakir - Reuters

O primeiro papa dos Estados Unidos, falando esta terça-feira para multidões na histórica orla de Beirute, implorou ao povo libanês que "se desvencilhasse das nossas divisões étnicas e políticas" e enfrentasse anos de conflito, paralisia política e miséria económica.

"Devemos unir os nossos esforços para que esta terra possa recuperar a sua glória", disse Leão XIV a uma multidão de 150 mil pessoas, segundo dados do Vaticano.


Leão XIV transmitiu aos cerca de 150 mil fiéis uma mensagem de paz face à "violência e aos conflitos".

Na homilia, o Leão XIV abordou os "muitos problemas que afligem" o país, como o "contexto político frágil e frequentemente instável", a "crise económica dramática" e a "violência e os conflitos que reacenderam antigos receios".


Perante estes males, fez um apelo para "desarmar os corações" e "despir-se das armaduras das nossas divisões étnicas e políticas" em prol de um "Líbano unido, onde a paz e a justiça triunfem".

Multidões concentraram-se na marginal horas antes do início da missa desta terça-feira.
Agitavam bandeiras do Vaticano e do Líbano enquanto Leão XIV circulava num papamóvel fechado, oferecendo bênçãos enquanto alguns na multidão usavam guarda-chuvas para se protegerem do forte sol do Mediterrâneo.

A explosão de 2020 no porto de Beirute matou mais de 200 pessoas e causou prejuízos de milhares de milhões de dólares, mas a investigação sobre a causa foi obstruída e ninguém foi responsabilizado.O papa rezou no local, depositou uma coroa de flores num memorial e cumprimentou cerca de 60 sobreviventes da explosão e familiares das vítimas de diferentes religiões, que seguravam fotografias dos seus entes queridos falecidos.

O chefe da Igreja Católica, que afirmou estar numa missão de paz, exortou os líderes das seitas religiosas do Líbano a unirem-se para curar o país e pressionou os líderes políticos a perseverarem nos esforços de paz após a devastadora guerra do ano passado entre Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irão, e os contínuos ataques israelitas.

Leão XIV, relativamente desconhecido no panorama mundial antes da sua eleição para o papado em maio, foi acompanhado de perto nos seus primeiros discursos no estrangeiro e nas suas primeiras interações com pessoas fora de Itália, um país maioritariamente católico.


Também esta terça-feira, o papa Leão XIV visitou o hospital De La Croix, especializado no atendimento a pessoas com problemas psicológicos. A madre superior da congregação que gere o hospital, madre Marie Makhlouf, emocionou-se ao receber o Papa, dizendo-lhe que o seu hospital cuida das "almas esquecidas, sobrecarregadas pela solidão".

O Líbano, que tem a maior proporção de cristãos no Médio Oriente, foi abalado pelo transbordar do conflito em Gaza, com a guerra entre Israel e o Hezbollah, que culminou numa devastadora ofensiva israelita.

O país, que alberga um milhão de refugiados sírios e palestinianos, luta também para ultrapassar uma grave crise económica após décadas de gastos perdulários que levaram a economia a um colapso no final de 2019.

Apesar do significativo papel político desempenhado pelos cristãos no Líbano, o único Estado árabe onde a presidência está reservada a esta comunidade, o seu número tem vindo a diminuir nas últimas décadas, sobretudo devido à emigração de jovens.

Leão XIV está de visita ao Líbano há três dias, na segunda etapa de uma viagem internacional que começou na Turquia, na qual defendeu a paz no Médio Oriente e alertou que o futuro da humanidade está em risco devido aos sangrentos conflitos mundiais.

O papa deverá partir para Roma com a sua comitiva ao final da manhã desta terça-feira.

c/agências 
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