Amazon planeia banir expressões como "sindicato" ou "aumento salarial" em app interna

por RTP
Armazém da Amazon Ralph D. Freso, Reuters

Uma fuga de informação deu a conhecer os planos da Amazon para lançar uma app para a comunicação interna dos seus trabalhadores, em que um monitor lexical automático baniria as palavras potencialmente críticas para a empresa. A notícia surge dias depois de os trabalhadores da Amazon em Nova Iorque terem finalmente conseguido legalizar a presença de um sindicato na empresa.

A ideia surgiu numa reunião de administradores de topo em novembro do ano passado, e apontava para a criação de um programa de comunicação interna que permitisse aos trabalhadores da Amazon avaliarem o desempenho de colegas com posts chamados "shout-outs". 

plataforma digital The Intercept teve conhecimento da reunião e teve acesso aos documentos respectivos, nos quais se explicava a ideia de criar um monitor lexical desenhado para bloquear automaticamente uma série de palavras e expressões que se se considerava de muito provável utilização em críticas às condições de trabalho na empresa.

Entre essas palavras e expressões contam-se as seguintes:

  • Sindicato
  • Despedido
  • Indemnização
  • Aumento salarial
  • Assédio
  • Queixa
  • Injustiça
  • Ética
  • Vacina
  • Favoritismo
  • Plantação
  • Trabalho escravo
  • Liberdade
  • Comité

Barbara M. Agrait, porta-voz da Amazon, justificou os planos da empresa dizendo que "as nossas equipas estão sempre a pensar em novas formas de ajudar os empregados a interagirem uns com os outros. Este programa em especial ainda não foi aprovado e pode ser significativamente alterado ou não ser lançado de todo".

A isto acrescentou o chefe do serviço de vendas da multinacional, Dave Clark, que o principal objectivo da app era tornar os trabalhadores mais felizes e incrementar assim a produtividade. Os "shout-outs" fariam parte de um sistema de incentivos em que os trabalhadores receberiam estrelas por actividades que trazem mais-valias ao negócio da empresa.

Ainda segundo Clark, "algumas pessoas são desvairadas coleccionadoras de estrelas", mas, por outro lado, há também o "lado negro das redes sociais", que precisa de ser controlado para garantir que a app resulte numa "comunidade positiva".

Um dos documentos citados pelo Intercept afirma que, "com texto livre, corremos o risco de as pessoas escreverem shout-outs que criem sentimentos negativos entre os visualizadores e os receptores. Queremos ir no sentido de restringir o conteúdo que pode ser postado para impedir que lhe seja associada uma experiência negativa".

E assim se chegou à ideia de criar um "monitor de palavrões", que consistiria numa lista negra, composta por palavras que deveriam ser bloqueadas. Os administradores da app poderão, além disso, eliminar quaisquer shout-outs que considerem inadequados.

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