O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, agradeceu este domingo às "dezenas de chefes de Estado" que ajudaram o Brasil "a superar" a crise relativa aos incêndios na Amazónia, afirmando que "desde o princípio" procurou dialogar com os líderes do G7.
"Meu muito obrigada a dezenas de chefes de Estado que me ouviram e nos ajudaram a superar uma crise que só interessava aos interesses que querem enfraquecer o Brasil", escreveu Bolsonaro numa publicação da rede social Facebook.
A mensagem foi acompanhada de um vídeo, gravado no sábado, durante o encontro do G7 (grandes potências industriais) em que o Presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, afirmam que vão ligar para o Presidente brasileiro.
Além do agradecimento, Bolsonaro escreveu que desde o princípio buscou "o diálogo junto aos líderes do G7, bem como da Espanha e Chile, que participam como convidados".
O governante aproveita para defender o seu Governo afirmando que "o Brasil é um país que recupera a sua credibilidade e faz comércio com praticamente o mundo todo".
"Somos uma das maiores democracias do mundo, comprometidos com a proteção ambiental e respeitamos a soberania de cada país", acrescentou.
Hoje, o Presidente francês declarou que os países do G7 concordaram em "ajudar o mais rapidamente possível os países afetados" pelos incêndios que se multiplicaram nos últimos dias na Amazónia.
"Há uma verdadeira convergência para dizer: `nós concordamos em ajudar o mais rapidamente possível os países que são atingidos pelos fogos`", disse Macron.
As imagens da Amazónia em chamas suscitaram uma comoção mundial e colocaram o assunto no centro das discussões do G7, apesar da relutância inicial do Brasil, que não está presente na cimeira, em França.
Macron afirmou que estão a ser feitos contactos com "todos os países da Amazónia" para que se possam finalizar compromissos muito concretos de "meios técnicos e financeiros".
"Estamos a trabalhar num mecanismo de mobilização internacional para poder ajudar de maneira o mais eficaz possível estes países", precisou.
Quanto à questão de longo prazo de reflorestação da Amazónia, "várias sensibilidades foram expressas" acrescentou.
"Mas o desafio da Amazónia para estes países e para a comunidade internacional é tal, em termos de biodiversidade, de oxigénio, de luta contra o aquecimento global, que devemos avançar com essa reflorestação", afirmou Emmanuel Macron. Luxemburgo ameaça
O Governo do Luxemburgo anunciou este domingo que irá bloquear a ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul se o Brasil não começar a cumprir as suas obrigações climáticas de proteção da Amazónia.
"O Luxemburgo não pode apoiar a assinatura do acordo [entre a União Europeia e o Mercosul, constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai] se o Brasil não se preparar para respeitar as suas obrigações relativamente ao Acordo de Paris, celebrado nas negociações com a UE", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo, Jean Asselborn, num comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O governante adiantou que, "face à desflorestação da Amazónia que causa incêndios dramáticos", o executivo do Luxemburgo "espera que os parceiros do Mercosul respeitem mesmo antes do acordo negociado os compromissos do Acordo de Paris".
Consequentemente, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros e o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, irão propor ao Conselho de Ministros a paralisação da decisão de ratificar o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, que ainda precisa da aprovação dos 28 Estados-membros da União Europeia para entrar em vigor.
Segundo Jean Asselborn, o Luxemburgo considera que o acordo comercial "é uma oportunidade histórica", mas é necessária uma "mudança de direção" para garantir "o respeito à floresta amazónica, que é o pulmão do planeta".
Por isso, pede "cooperação" para atingir as finalidades de conservação daquele espaço natural.
c/ Lusa