Antigo militar da comitiva de Jair Bolsonaro condenado a seis anos de prisão em Espanha

por RTP
Adriano Machado, Reuters

Manoel da Silva Rodrigues, antigo sargento da Força Aérea brasileira que foi detido em Sevilha em junho do ano passado, foi condenado a seis anos de prisão. O antigo militar, que seguia na comitiva de Jair Bolsonaro, foi apanhado com 39 quilogramas de cocaína em três malas, num voo que tinha como destino Osaka, no Japão, e fez escala na cidade andaluza. Esta segunda-feira, o sargento aceitou a pena de prisão e uma multa de dois milhões de euros por delito contra a saúde pública.

Em junho de 2019, um sargento da Força Aérea brasileira, que seguia na comitiva de Jair Bolsonaro para o Japão, foi detido por ter em sua posse perto de 40 quilogramas de cocaína. Numa escala feita em Sevilha, Manoel da Silva Rodrigues pretendia vender a droga.

De acordo com a polícia espanhola, a droga estava repartida por duas malas e uma mochila e tinha um valor de mercado a rondar os 1,3 milhões de euros.

“A pessoa que me entregou a droga no Brasil disse-me que o destino era a Suíça e que deveria ser eu a colocá-la na Europa. Passava por dificuldades económicas. Tenho 20 anos de serviço no Exército e nunca tive nenhum incidente mas um militar no Brasil não tem um bom salário. Compro sempre coisas nas minhas viagens, como telemóveis, que depois vendo, para ganhar dinheiro extra”.

Estas foram as palavras de Manoel da Silva Rodrigues quando foi ouvido num tribunal de Sevilha, antes de saber qual a condenação. O antigo sargento, cuja expulsão está pendente no Exército brasileiro, explicou às autoridades espanholas que deveria ter entregado a droga a um desconhecido num hipermercado na tarde de 25 de junho.

“Tinha de aparecer com roupa camuflada, com uma camisa verde e a outra pessoa iria reconhecer-me através de uma foto. Ficaríamos num Burger King e ele dar-me-ia um sinal. Foi a primeira e única vez na minha vida que fiz algo assim. Peço perdão ao Estado e povo espanhóis por meter a droga no seu país. O castigo é justo”.

Aquando da detenção, a Guardia Civil de controlo aduaneiro do aeroporto sevilhano abriu as malas depois de as mesmas passarem por controlo Raio-X. O sargento tentou explicar que transportava queijo, algo que é proibido vindo de países de fora da União Europeia.

A Procuradoria-Geral espanhola baixou o pedido inicial de uma pena de oito anos para seis. A multa também passou dos quatro para os dois milhões de euros. O sargento, desde o princípio de todo o processo, mostrou-se cooperativo e deu mostras de estar arrependido, algo que levou à redução da pena. Manoel da Silva Rodrigues vai declarar-se insolvente para escapar à multa.
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