Nos primeiros seis meses de 2018 houve pelo menos 727 incidentes antissemitas no Reino Unido. O ambiente que se tem vivido no país nos últimos anos já fez com que alguns judeus britânicos considerassem mudar-se para Israel.
Estes incidentes vão desde a agressão (59 casos) à profanação e danificação de propriedade judaica (43 casos). O maior número de incidentes, 544, refere-se a comportamentos abusivos. Aqui estão incluídas referências antissemitas nas redes sociais, abusos verbais, grafitis e e-mails de ódio.
Para Mark Lewis, advogado britânico especializado em difamação e privacidade, os anos de abuso antissemita e as ameaças de morte foram suficientes para decidir abandonar o Reino Unido. Até ao final deste ano, Lewis pretende mudar-se para Israel com a mulher, Mandy Blumenthal.
“As pessoas podem não gostar de mim em Israel pela minha posição política, podem achar que é demasiado de direita, ou de esquerda, ou o que for, mas nunca me vão insultar por ser judeu”, declarou Lewis à CNN.
Por sua vez, Mandy Blumenthal teme que os abusos verbais e físicos contra judeus possam evoluir para situações mais graves ou até mesmo levar a mortes: “Estamos nesse ponto em Inglaterra. Recebemos ameaças de morte. Já me disseram nas redes sociais, entre outras coisas, que deveria ser gaseada até à morte”.
De acordo com Lewis, duas pessoas já foram presas por o ameaçarem de morte.
Antissemitismo no Reino Unido
Os valores apresentados pela Community Security Trust (CST), uma organização de caridade britânica que combate o antissemitismo, mostram que os meses de abril e maio de 2018 foram os que registaram mais incidentes, 139 e 160, respetivamente.O sionismo é um movimento ideológico que defende um Estado nacional judaico independente.
De acordo com a CST, “é provável que estes valores tenham sido causados por reações a eventos políticos no Reino Unido e no estrangeiro”, nomeadamente os que ocorreram no Partido Trabalhista e a sua posição sobre o que se está a passar na Faixa de Gaza.
O Partido Trabalhista tem lidado com acusações de antissemitismo desde 2015, com a eleição de Jeremy Corbyn para a liderança. Acredita-se que Corbyn seja a favor da causa palestiniana.
No mês passado, a cúpula trabalhista adotou um novo código de conduta. Todavia, apesar de incluir a definição de antissemitismo da Aliança Internacional de Recordação do Holocausto (IHRA), falha em reconhecer exemplos do que podem constituir comportamentos antissemitas.
No relatório da CST constatou-se que 114 dos casos de antissemitismo registados este ano faziam menção a Israel ou ao Médio Oriente. Para além disso, em 51 situações a palavra sionismo foi utilizada como um termo antissemítico, enquanto que em 34 incidentes o discurso estava relacionado com o Partido Trabalhista.