António Guterres considera "essencial" o Acordo de Paris

por Cristina Sambado - RTP
Yuri Gripas - Reuters

O secretário-geral das Nações Unidas considera que é “essencial” implementar o acordo de Paris sobre o Clima. As declarações de António Guterres surgem na altura em que os Estados Unidos se prepararam para abandonar o pacto de redução de emissões.

No seu primeiro discurso sobre o tema das alterações climáticas, Guterres pediu “maior ambição” à comunidade internacional para cumprir os compromissos da Cimeira de Paris que considera “um momento chave para a história da humanidade”.

“Se algum Governo duvida da vontade e da necessidade global desse acordo é a razão para os outros se unirem com mais força e manterem o rumo”, afirmou o secretário-geral da ONU em Nova Iorque.



Para António Guterres, a “mensagem é simples. O comboio da sustentabilidade já partiu da estação. Suba a bordo ou fique para trás. Aqueles que não apostem na economia verde viverão um futuro cinzento. Aqueles que abraçam tecnologias verdes estabelecerão o padrão para a liderança económica no século XXI”.

No entanto, o secretário-geral das Nações Unidas reconhece que “vão existir desistências pelo caminho, o que é normal numa família com mais de 190 Nações. Mas com a participação de todos, o mundo pode dar vida ao Acordo de Paris”.

Os Estados Unidos estão entre os 147 países que ratificaram o Acordo de Paris. No entanto, na passada semana, durante a cimeira do G7, Donald Trump expressou as suas reservas quanto ao acordo assinado pela Administração de Barack Obama e anunciou que esta semana tomaria uma decisão sobre a permanência do país.Os Estados Unidos são a maior economia do mundo e o segundo maior emissor de gases de efeito de estufa após a China.

Segundo Guterres, “o mundo está uma confusão. É essencial que o mundo implemente o Acordo de Paris. Acreditamos que será importante para os Estados Unidos não abandonar o acordo de Paris”. 

“Mas, mesmo que o Governo dos Estados Unidos decida abandonar o Acordo de Paris, é muito importante para a sociedade americana, como um todo – as cidades, os Estados, as empresas, os negócios – permanecerem envolvidos no processo”, sublinhou. 

Os grandes emissores liderados pela China, a União Europeia e a Índia já reafirmaram o seu compromisso com o Acordo de Paris, que procura eliminar as emissões de efeitos de estufa durante o século XXI, mudando para energias limpas. Em contrapartida, Donald Trump quer favorecer o carvão nos Estados Unidos.

“A mudança climática é inegável. A ação climática é imparável. (…) Assim devemos fazer o possível para aumentar a ambição e a ação até inverteremos a curva de emissões e travarmos o aquecimento global ”, realçou António Guterres.

No seu discurso na Universidade de Nova Iorque, o secretário-geral das Nações Unidas recordou que “milhares de empresas privadas, incluindo grandes empresas de petróleo de gás, estão a tomar as suas próprias medidas. Não é apenas a coisa certa a fazer, é a coisa inteligente a fazer. Eles sabem que o negócio verde é um bom negócio”.

Um grupo de cientistas do clima considera que pelo menos 95 por cento das emissões de gases com efeitos de estufa são produzidas pelo homem, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, que são a principal causa das mudanças climáticas desde 1950.

Em cada um dos últimos três anos, as temperaturas médias globais atingiram recordes, e o aquecimento é considerado o principal responsável pelas secas, aumento do nível do mar, inundações, ondas de calor e extinção da vida selvagem.

António Guterres revelou que pretende convocar uma cimeira do clima para 2019 para verificar a implementação do acordo climático global, recordando que “atualmente147 países que representam mais de 82 por cento das emissões de gases de efeito estufa ratificaram o Acordo de Paris”.

O secretário-geral da ONU sublinhou que “está fortemente empenhado em trabalhar com todos os Governos e parceiros para reunir opiniões divergentes e criar uma visão comum sobre a forma de abordar as mudanças climáticas”.

“Trata-se de uma ameaça sem precedentes, mas também uma oportunidade”, rematou.
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