Uma organização de defesa dos Direitos Humanos acusou a Apple, a Google, a Microsoft, a Dell e a Tesla de “beneficiarem conscientemente” do trabalho de crianças na exploração de minas de cobalto, material usado em baterias de telemóveis e computadores, na República Democrática do Congo.
De acordo com a International Rights Advocates, “as empresas acusadas estão cientes de que o setor mineiro do Congo depende da exploração do trabalho infantil. Além disso, as condições em que essas crianças trabalham têm sido bastante divulgadas pelos media”.
O cobalto é um componente importante nas baterias de lítio, que se encontram praticamente em todos os aparelhos eletrónicos recarregáveis. Cerca de dois terços do cobalto do mundo é proveniente da República Democrática do Congo.
O processo foi aberto anonimamente por um grupo de pessoas descritas como “guardiões de crianças mortas em túneis ou colapsos de paredes” durante a mineração, ou “crianças que foram mutiladas em tais acidentes”.
O processo afirma que as crianças são forçadas pela pobreza extrema a abandonar a escola e a trabalhar em minas de cobalto da empresa britânica Gelncore, que já tinha sido acusada de exploração de trabalho infantil.
A International Rights Advocates diz que, alegadamente, as crianças foram exploradas e feridas em várias operações de mineração ligadas às empresas Glencore, Umicore e Huayou Cobalt.
Empresas reagem
A Glencore declarou à CNN Business que está atenta as alegações do processo e que a empresa “não tolera qualquer tipo de trabalho infantil, seja ele forçado ou compulsivo”.
A empresa acrescentou que “a produção de cobalto da Glencore é um subproduto da nossa produção industrial” e que trabalha com organizações locais “para ajudar as crianças a ficar fora da exploração mineira”.
Num comunicado enviado à CNN, a Apple afirmou que está “profundamente comprometida com o funcionamento responsável de materiais que entram nos nossos produtos”.
A Dell, à semelhança da Apple, declarou que “está comprometida com o fornecimento responsável de minerais” e que preserva “os direitos humanos dos trabalhadores em qualquer nível da nossa cadeia, tratando-os com dignidade e respeito”.
A empresa acrescentou que “nunca adquirimos operações, pelo menos conscientemente, onde fosse usado qualquer tipo de trabalho involuntário, práticas fraudulentas de recrutamento ou trabalho infantil”.
Já a Google, cuja empresa mãe é a Alphabet, declarou à CNN Business: “O nosso Código de Conduta de Fornecedores proíbe estritamente essa atividade. Estamos comprometidos em fornecer todos os materiais de forma ética e eliminar a exploração do trabalho infantil nas cadeias globais”.
Esta é a primeira vez que a indústria tecnológica enfrenta uma ação legal sobre a fonte do cobalto que utiliza nos seus produtos.
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