Apreensão de armas e de petróleo. Irão chama "Piratas das Caraíbas" aos EUA

Nem a poucos dias das eleições presidenciais a Administração Trump deixa respirar o regime dos Ayatolas. Responsáveis norte-americanos revelaram esta semana operações de apreensão de mísseis iranianos em rota para o Iémen e a venda de 1.1 milhões de barris de petróleo enviados por Teerão para a Venezuela.

Graça Andrade Ramos - RTP /
Casa Branca, EUA, janeiro de 2020 Reuters

Para culminar, o Departamento de Estado e o Tesouro anunciaram um novo pacote de sanções a 11 empresas e indivíduos, devido ao seu envolvimento na venda e compra de produtos petroquímicos iranianos.

“O regime iraniano beneficia de uma rede global de entidades intermediárias do setor petroquímico iraniano”, afirmou o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, num comunicado de imprensa emitido esta quinta-feira.

Os Estados Unidos continuam decididos a atingir qualquer fonte de rendimento que o regime iraniano use para financiar grupos terroristas e oprimir o povo iraniano”, acrescentou.

Entre as entidades agora sancionadas estão as empresas iranianas Companhia Petroquímica Morvarid e a Companhia de Polímeros Arya Sasol, a Holding de Energia Jiaxiang, baseada em Singapura e as empresas Binrin, Elfo Energy, Glory Advanced, Jane Sjang Co e Sibshur Limited. Todas têm negócios com a Triliancem, sancionada pela Administração norte-americana em janeiro de 2020.

O anúncio do reforço da já extensa lista de sanções, tão próximo das eleições, terá como objetivo complicar a vida a Joe Biden, caso o candidato do Partido Democrata vença o escrutínio. De acordo com analistas, Biden teria ainda mais dores de cabeça para desfazer o novelo com que Trump tenta isolar o Irão na cena internacional.

Washington prometeu agir contra quem quebrasse o boicote americano ao petróleo iraniano. Geralmente, as sanções congelam quaisquer bens que as empresas e indivíduos detenham em solo americano, e proíbem empresas norte-americanas e cidadãos individuais de terem negócios com iranianos.As novas sanções e a apreensão do material de guerra iraniano coincidiram também com o anúncio de que piratas informáticos a soldo de Teerão terão ameaçado eleitores norte-americanos com e-mails falsos.

o confisco ordenado pelo Departamento de Justiça envolve alegados esquemas do Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana, para passar em segredo armas às milícias xiitas Houthi no Iémen e petróleo à Venezuela.

Este último teve origem em empresas ligadas à Guarda Revolucionária e os armadores fizeram de tudo para encobrir os verdadeiros proprietários, indica o processo agora revelado pelo vice-procurador geral John Demers.

Os dois navios petroleiros, o Euroforce, de bandeira da Libéria e o Maersk Progress, de Singapura, haviam tentado descarregar e alterar a rota diversas vezes nas últimas semanas para despistar as autoridades norte-americanas, referiu Demers.
"Piratas das Caraíbas"
Tanto a operação de apreensão dos mísseis destinados ao Iémen como a cativação e posterior venda do petróleo iraniano decorreram sob sigilo e só agora foram divulgadas.

“Estas ações tiveram início no verão passado. E estas situações orgânicas e fluidas”, justificou Michael Sherwin, o procurador em exercício do Distrito de Columbia, referindo que a sua divulgação “nada teve a ver com questões políticas”.

O Irão reagiu à notícia com alguma ironia, referindo que os Estados Unidos agiram como os “Piratas das Caraíbas” na venda de 1.1 milhões de barris de crude iraniano.“Os Piratas das Caraíbas gabam-se abertamente do seu saque. Ninguém civilizado se gaba dos seus roubos”, afirmou na rede Twitter o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Saeed Khatibzadeh.

Oficialmente o regime iraniano afirma que as remessas de petróleo apreendidas pertenciam aos armadores e não ao Irão.

Também em julho Teerão negou que forças norte-americanas tinham abordado e capturado um navio iraniano que transportava armas para os grupos iemenitas Houthi e acusaram Washington de estar a usar o pretexto para conseguir uma extensão do embargo de armas imposto ao Irão pelas Nações Unidas.

O regime dos Ayatolhas também nega estar a fornecer armamento e apoio logístico aos grupo Houthi, xiitas, que combatem desde 2015 uma aliança saudita e dos Emirados que apoia o Governo saudita do Iémen, satélite de Riade.

Com agências
PUB