Informações privadas de Jeff Bezos foram roubadas do telemóvel do multimilionário e o príncipe saudita é apontado como o responsável pelo ataque ao aparelho do fundador da Amazon. A Arábia Saudita refuta as acusações e pede uma investigação. Jeff Bezos é também proprietário do Washington Post, jornal do qual Jamal Kashoggi era colaborador.
Uma grande quantidade de informação privada de Jeff Bezos foi roubada do seu telemóvel e análises apontam para o envolvimento da Arábia Saudita, que já negou qualquer envolvimento do príncipe Mohammed bin Salman através das redes sociais.
Para além de ser fundador da Amazon, Jeff Bezos é proprietário do Washington Post, do qual Jamal Khashoggi era colaborador. O ataque foi feito cinco meses antes de o jornalista ter sido assassinado e levanta questões sobre a ação do príncipe e do seu círculo mais próximo e do que poderiam estar à procura.
Não é a primeira vez que a Arábia Saudita é envolvida no acontecimento mas o país tem negado de forma constante o seu envolvimento e continua a afirmar que o homicídio de Jamal Khashoggi foi o resultado de uma “operação desonesta”. Oito pessoas, em dezembro, foram condenadas por suposto envolvimento na morte do jornalista.
Estas acusações também levantam questões sobre a relação cada vez mais próxima entre o príncipe Mohammed bin Salman com David Pecker, diretor executivo do tabloide norte-americano, National Enquirer.
Jeff Bezos acusou o National Enquirer de extorsão e chantagem, depois de o tablóide ter ameaçado o dono do Washington Post de ter em sua posse informações privadas e de as publicar, depois do ataque ao telemóvel do multimilionário ter sido realizado.
Acusações que terão repercussões nas bolsas e poderão minar as tentativas de Mohammed bin Salman de atrair investimento estrangeiro para a Arábia Saudita. Depois das ameaças e das publicações do National Enquirer, com histórias da vida privada do fundador da Amazon, Jeff Bezos pediu uma análise forense ao seu telemóvel.
O grupo ao qual pertence o tablóide veio a público dizer que a história tinha sido publicada por via do irmão da namorada de Jeff Bezos mas as análises feitas mostraram “com grande confiança” que os sauditas conseguiram aceder ao telemóvel de Bezos e que extrairam informação do mesmo.
Investigadores sauditas, alguns deles dissidentes, acreditam que Bezos se tornou num alvo por ser proprietário do Washington Post e da cobertura feita sobre a Arábia Saudita. Jamal Khashoggi era colaborador do jornal e escrevia uma coluna crítica ao regime de Mohammed bin Salman.
Andrew Miller, um especialista em política do Médio Oriente que trabalhou para a administração de Barack Obama disse que se Bezos se tornou um alvo da Arábia Saudita, esta ação mostra o ambiente em que o príncipe bin Salman e o seu círculo mais próximo funcionam.
“Ele [Mohammed bin Salman] acreditava que se tivesse alguma informação sobre Bezos, que podia influenciar a cobertura sobre a Arábia Saudita feito pelo Washington Post. Está claro que os sauditas não têm limites em termos do que estão preparados para fazer e proteger Mohammed bin Salman, quer seja uma grande multinacional mundial ou um dissidente que trabalha por conta própria”, relatou Miller.
Esta situação levanta também questões para a Casa Branca. Tanto Donald Trump como Jared Kushner mantêm relações próximas com o príncipe saudita e isto poderá causar um dilema devido ao ataque a um dos homens mais poderosos dos Estados Unidos.