No dia em que o presidente anunciou a sua saída do cargo, as autoridades argelinas fizeram saber que estão a investigar, por corrupção e transferências ilícitas de capital para o estrangeiro, sete empresários, um dos quais muito próximo do presidente cessante.
O Ministério Público não avançou com os
nomes dos empresários que estão a ser investigados. A
investigação teve início uma semana após um empresário do staff do
presidente argelino, Ali Haddad, ter sido detido na fronteira com a
Tunísia. A detenção ocorreu no domingo à noite por razões não
precisadas.
Depois deste incidente, a aviação civil proibiu todos os movimentos de aviões nos aeroportos argelinos até ao final do mês.
Uma demissão após várias semanas de manifestações
Centenas de milhares de argelinos têm, desde há seis semanas, saído às ruas em protestos constantes que começaram quando Bouteflika, de 82 anos, no poder desde 1999, anunciou a candidatura ao quinto mandato.
Face à contestação inédita, o chefe do Estado Maior do Exército, general Ahmed Gaed Salah, propôs ao Conselho da Nação que declarasse o presidente como inapto para exercer as suas funções devido à sua doença grave e duradoura. Bouteflika perdeu o apoio dos militares.
Por sua vez, para acalmar a contestação, Bouteflika no domingo nomeou um novo Governo, mantendo-se no cargo de ministro da Defesa. Esta segunda-feira a Presidência informou num comunicado que o presidente irá renunciar a 28 de abril.
Continuação dos protestos
Contudo a renúncia de Bouteflika pode não ser suficiente para satisfazer os manifestantes que exigem a saída de todo o staff do presidente e a criação de um novo regime. Desta forma, os estudantes argelinos nas redes sociais convocaram protestos para terça-feira na capital e no resto do país.
“Isto não muda nada. Ele partirá, mas o mesmo regime, que governou a Argélia desde 1962 e a independência, permanecerá se não continuarmos a protestar. O que nós queremos não é apenas a renúncia de Abdelaziz Bouteflika, mas sim a criação de um novo sistema político”, disse um membro de um sindicato estudantil em Argel à televisão qatari Al Jazeera.