Ataque a Rafah. "Um incidente trágico" diz Netanyahu

por Cristina Santos - RTP
Palestinianos no campo de deslocados atacado por Israel. AFP

Desde a ONU à União Europeia, a condenação internacional é vasta. A UE quer encontrar-se com Israel para debater o desrespeito pelos direitos humanos. Quanto aos EUA afirmam que "Israel tem o direito de perseguir o Hamas (...) mas, como já deixamos claro, Israel deve tomar todas as precauções possíveis para proteger os civis".

O chefe da política externa da UE está “horrorizado com as notícias que chegam de Rafah sobre os ataques israelitas que mataram dezenas de pessoas deslocadas, incluindo crianças pequenas”.

Josep Borrell sublinha a condenação “nos termos mais veementes”, acrescentando que “não há lugar seguro em Gaza. Estes ataques devem parar imediatamente”. Nesta declaração, Borrell anunciou também que os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros deram luz verde esta “segunda-feira para reativar uma missão fronteiriça da União Europeia em Rafah, no sul da Faixa de Gaza”. No entanto, esta missão tem de contar com o apoio do Egipto, de Israel e dos palestinianos.

O Alto-Representante para os Negócios Estrangeiros da União Europeia vai pedir uma reunião com Israel. Esta tarde, em Bruxelas, Josep Borrell conta que a UE quer discutir o desrespeito pelos direitos humanos na intervenção israelita na Faixa de Gaza

"Os ministros concordaram em pedir um Conselho de Associação com Israel, algo que não tínhamos conseguido em reuniões anteriores", disse Josep Borrell, no final de uma reunião ministerial que contou com a participação do ministro português dos Negócios Estrangeiros português.

A condenação internacional surge após o ataque durante a noite, em Rafah, que matou 45 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Uma operação militar que incendiou tendas onde dormiam pessoas num campo para deslocados.

Benjamin Netanyahu afirma que este foi um “incidente trágico”, depois de o governo israelita garantir que está a examinar os factos relativos a este ataque garantindo que tentou "limitar as perdas civis".
"Em Rafah, retirámos um milhão de habitantes que não estavam envolvidos e, apesar de todos os nossos esforços, ontem [domingo] ocorreu um incidente trágico. Estamos a investigar o que aconteceu e vamos tirar conclusões", disse Netanyahu ao parlamento israelita.

A ONU “condenou os ataques israelitas” e apelou a uma investigação “completa e transparente”. A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, UNRWA, conta que os relatos dos sobreviventes eram “horríveis”. 
“Há relatos de vítimas em massa, incluindo crianças e mulheres entre os mortos. Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso”, escreveu a UNRWA na rede social X.

Entretanto, os Estados Unidos reagiram afirmando que "Israel tem o direito de perseguir o Hamas e entendemos que este ataque matou dois importantes terroristas do Hamas". Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA acrescenta ainda "como já deixamos claro, Israel deve tomar todas as precauções possíveis para proteger os civis".

Na Europa vários líderes apelam a um cessar-fogo imediato. O presidente francês, Emmanuel Macron, mostra-se “indignado” com os últimos ataques de Israel. "Essas operações devem parar. Não há zonas seguras em Rafah para os civis. Eu peço o respeito total pelo direito internacional e um cessar-fogo imediato".

A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros avisa que a decisão do Tribunal Internacional de Justiça deve ser respeitada. “O direito humanitário internacional aplica-se a todos, também à guerra conduzida por Israel”.

O ataque de Israel foi denunciado também pela União Africana, bem como pelo Egipto e pelo Qatar, dois países que têm feito esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo na guerra que começou há quase oito meses.
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