Ataques israelitas em Gaza matam mais de 50 crianças

por Inês Moreira Santos - RTP
Ahmed Mustafa - Reuters

Os ataques israelitas a Gaza causaram a morte de dezenas de pessoas, nos últimos dias. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), seis pessoas, incluindo quatro crianças, ficaram feridas num ataque contra um centro de cuidados de saúde primários no norte da Faixa de Gaza. O Exército de Israel afirmou ainda ter matado mais um comandante do Hezbollah, no sul do Líbano.

O diretor da OMS afirmou no sábado que o ataque atingiu o centro de saúde Sheikh Radwan, "horas após o reinício da campanha de vacinação", em plena "pausa humanitária". A terceira fase de vacinação contra a poliomielite no norte de Gaza, suspensa desde dia 23 por falta de garantias de segurança, tinha sido retomada precisamente no sábado.

Tedros Adhanom Ghebreyesus alertou, na rede social X, que estes ataques “colocam em risco a proteção da saúde das crianças e podem desencorajar os pais de levarem os seus filhos para serem vacinados”.

A situação no terreno é "extremamente preocupante" e, apelou Tedros, "estas pausas vitais específicas de cada zona humanitária devem ser estritamente respeitadas”.

As Forças de Defesa de Israel negaram, contudo, quaisquer operações contra centros de saúde na zona e rejeitaram as afirmações do diretor da OMS.

“Estamos cientes de uma queixa sobre danos a civis palestinianos no centro de vacinação Sheikh Radwan, no norte da Faixa de Gaza. Ao contrário do que se afirma, uma investigação preliminar revela que não houve qualquer ataque por parte das forças das IDF na área no momento em questão”, disse o exército israelita, citado pelo jornal The Times of Israel.

A campanha de vacinação “foi realizada em coordenação com as IDF, através do COGAT [o organismo militar israelita encarregado da gestão dos assuntos civis em Gaza] e em cooperação com a comunidade internacional, na qual a população pode chegar em segurança aos centros médicos onde as vacinas serão administradas”, adiantaram ainda as Forças de Israel.

As IDF alegaram que o movimento islamita palestiniano Hamas “Hamas dispara deliberadamente a partir de áreas civis, viola sistematicamente o direito internacional e explora cinicamente a população civil como escudo para atos terroristas contra o Estado de Israel”.

Já na sexta-feira, a diretora-geral da UNICEF denunciou a morte de "mais de 50 crianças" em 48 horas em Jabalia.

A OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) tinham garantido uma pausa humanitária para permitir a vacinação, embora a zona onde será efetuada seja consideravelmente mais pequena do que durante a primeira fase, em setembro, e esteja limitada à capital de Gaza.

A OMS e a Unicef lamentaram que cerca de 15 mil crianças com menos de 10 anos permaneçam em zonas inacessíveis devido à falta de segurança - como Jabalia, Beit Lahiya e Beit Hanoun - e não possam ser vacinadas e frisaram que pelo menos 90% das crianças de uma comunidade têm de ser imunizadas para garantir a eficácia da campanha.
EUA reforçam presença com envio de aviões bombardeiros
Os Estados Unidos advertiram o Irão nos últimos dias contra a preparação de um potencial ataque contra Israel, acrescentando que Washington não vai conseguir impedir resposta israelita. O exército norte-americano anunciou também o destacamento de aviões bombardeiros no Médio Oriente, horas após o líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, ter ameaçado os EUA e Israel com "uma resposta esmagadora".

O Comando Central do exército dos Estados Unidos (Centcom) disse que bombardeiros estratégicos B-52 Stratofortress tinham sido destacados na sua área de influência, que inclui o Médio Oriente. Na rede social X (antigo Twitter), o Centcom adiantou que estes aviões bombardeiros tinham vindo da Base Aérea de Minot, no Dakota do Norte, estado do Centro-Norte dos EUA.

O bombardeiro B-52 com capacidade nuclear de longo alcance foi repetidamente destacado para o Médio Oriente em avisos pontuais ao Irão e é a segunda vez este mês que bombardeiros estratégicos são usados para reforçar as defesas dos EUA na região.

Horas antes, o líder supremo do Irão advertiu Israel e os Estados Unidos de que “receberão uma resposta esmagadora” pelas suas ações contra a República Islâmica e a aliança anti-israelita “Eixo da Resistência”.

“Os inimigos, tanto o regime sionista [Israel] como os Estados Unidos, receberão definitivamente uma resposta esmagadora pelo que estão a fazer contra o Irão e o povo iraniano e o Eixo de Resistência”, disse o ayatollah Ali Khamenei, numa reunião com milhares de estudantes na véspera do 45.º aniversário da tomada da embaixada dos EUA em Teerão em 1979, informou a IRNA.

De acordo com a agência de notícias oficial iraniana, Khamenei assegurou que “os representantes do povo iraniano não esquecerão a ação do inimigo”, referindo-se ao ataque de Israel, em 26 de outubro, contra alvos militares iranianos nas províncias de Teerão, Ilam e Khuzestan, que, segundo a versão iraniana, causou “danos limitados” aos sistemas de radar e a morte de um civil e quatro militares.

Os ataques de Israel foram uma resposta ao bombardeamento do Irão com cerca de 180 mísseis, a 1 de outubro, que foi uma retaliação pelos assassínios do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em Beirute, e do líder do Hamas, Ismael Haniyeh, em Teerão, em julho.

Também no sábado, o exército israelita anunciou ter matado mais um comandante do Hezbollah, no sul do Líbano.

Perante a ofensiva israelita sem trégua, Telavive continua a ser palco de manifestações por um cessar-fogo e pela libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas. Das 251 pessoas raptadas, 97 continuam em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército.

C/agências
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