Austrália e EUA informam PR timorense sobre projeto de submarinos nucleares

por Lusa
Reuters

Diplomatas da Austrália e dos Estados Unidos informaram esta quinta-feira o presidente de Timor-Leste sobre o acordo anunciado entre os dois países e o Reino Unido, que prevê que Camberra disponha de submarinos nucleares.

"Estivemos com o senhor presidente para o informar do anúncio feito esta semana pelo presidente dos Estados Unidos, e pelos primeiro-ministros do Reino Unido e da Austrália relativamente à nossa futura cooperação no desenvolvimento das capacidades da Austrália operar submarinos de armamento convencional mas de propulsão nuclear", disse Bill Costello, embaixador da Austrália em Díli.

Costello e o chargé d' affaires da embaixada dos EUA em Díli reuniram-se com o chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta, para dar conta do acordo.

"O nosso plano a longo prazo é de operar estes submarinos nucleares em resposta ao ambiente estratégico na região. Estamos envolvidos numa parceria com os EUA e com o Reino Unido para construir essa capacidade e operar esses submarinos de forma segura", disse Costello.

O encontro em Díli surge na sequência do anúncio conjunto, esta semana, dos três aliados, de que vão cooperar na produção de uma nova geração de submarinos, o SSN-AUKUS, e de que a marinha australiana será equipada com três submarinos nucleares de fabrico norte-americano.

As águas territoriais de Timor-Leste, de grande profundidade, são potenciais zonas de navegação de submarinos, quer nucleares quer convencionais.

As embarcações militares SSN-AUKUS, movidas a energia nuclear e armadas convencionalmente, envolverão "investimentos significativos" dos três países, disse na segunda-feira o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Nesse âmbito, a Austrália vai comprar três submarinos movidos a energia nuclear da classe Virginia dos EUA, com opção de compra de mais dois.

Os submarinos devem ser entregues a partir de 2030, como parte da nova aliança militar AUKUS que junta os três países e foi formalizada em setembro de 2021.

Críticas e detalhes do programa

Reagindo ao acordo, a China avisou que os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido continuam num "caminho errado e perigoso".

Críticas também na própria Austrália, com o antigo primeiro-ministro trabalhista Paul Keating a considerar que o acordo com o Reino Unido e os Estados Unidos é "o pior acordo de toda a história".

O programa trilateral decorrerá em três fases, segundo noticiou a agência France-Presse (AFP).

Primeiro, haverá uma fase de familiarização da Austrália - que não possui submarinos movidos a energia nuclear, nem tecnologia nuclear, seja militar ou civil - com estes equipamentos, através do "treino de marinheiros, engenheiros ou técnicos", especificou Jake Sullivan.

O objetivo é ter "implantações" de submarinos norte-americanos e britânicos na Austrália durante a década, frisou.

Numa segunda etapa, a Austrália vai comprar então até cinco submarinos nucleares norte-americanos.

Por fim - na terceira e mais ambiciosa etapa do programa - Estados Unidos, Austrália e Reino Unido vão unir forças para uma nova geração de submarinos, denominados SSN-AUKUS.

Os submarinos movidos a energia nuclear são difíceis de detetar, podem viajar grandes distâncias por longos períodos de tempo e transportar mísseis de cruzeiro sofisticados.

 

 

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