Avião-radar russo desapareceu perto da Síria com 14 militares a bordo

por RTP
Um Rossiya Ilyushin Il-18 em pleno voo Sergei Riabsev - Wikipedia

Moscovo acusa Israel de ser responsável pelo derrube de um avião sobre o Mar Mediterrâneo perto da Síria, quando decorriam ataques aéreos por parte de Israel à cidade costeira síria de Latakia.

O ministério russo da Defesa alega que o aparelho russo foi "empurrado" para a linha de fogo de anti-aéreas sírias, que respondiam ao ataque franco-israelita.

O aparelho foi assim abatido por um míssil sírio, cujo alvo eram quatro caças F-16 israelitas, afirmou Moscovo, acusando o exército israelita de "provocação intencional".

Israel apenas a avisou sobre a operação naquela área um minuto antes do ataque, refere a Rússia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou aos repórteres que "o Kremlin está naturalmente muito preocupado com a situação," prometendo para mais tarde uma reação mais aprofundada.

Acrescentou que o ministério russo da Defesa já exprimiu a posição de Moscovo.
Direito de retaliar
"Vemos as ações dos militares israelitas como hostis", declarou à televisão russa o porta-voz do ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov.

"Em resultado das ações irresponsáveis dos militares israelitas, morreram 15 elementos das forças russas", acrescentou.

Os militares russos reservam-se o direito de retaliar. "Reservamo-nos o direito de dar os passos adequados de reciprocidade", sublinhou ainda Konashenkov, refere a agência russa Tass.

Moscovo afirma que os F-16 israelitas usaram o II-20 russo como escudo contra o fogo da artilharia anti-aérea síria, como forma de escapar aos mísseis e cumprir a missão de ataque a alvos em Latakia.

O embaixador de Israel foi entretanto chamado ao ministério russo dos Negócios Estrangeiros.

De acordo com as agências russas de notícias, o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, já falou ao telefone com o seu homólogo israelita, Avigdor Lieberman, para lhe comunicar que responsabiliza totalmente Israel pelo derrube do avião.

O ministério russo da Defesa confirmou o telefonema mas recusou dar detalhes sobre o teor da conversa.

O aparelho russo de vigilância eletrónica regressava de uma missão, com 14 a 15 elementos a bordo, quando deixou de emitir sinais de presença.

"Perdemos as comunicações com a tripulação do aparelho russo II-20 sobre o Mar Mediterrâneo", comunicou o ministério russo da Defesa pouco depois.
Sem esperança
O contacto perdeu-se cerca das 23h00 locais (20h00 GMT) de segunda-feira, a 35 quilómetros da costa síria, quando o avião de vigilância regressava à base russa de Mmeimim a noroeste da cidade de Latakia.

"Os sinais do II-20 nos radares do controlo de tráfego aéreo desapareceram durante um ataque de quatro caças F-16 israelitas a alvos sírios na província de Latakia," referiu a agência russa de notícias Tass.

"Ao mesmo tempo, os sistemas de controlo aéreo russos detetaram o lançamento de mísseis por parte da fragata francesa Auvergne, que está presente na região", acrescentou.

Foi lançada uma operação de busca e salvamento mas os russos não esperam encontrar sobreviventes.

Inicialmente, Moscovo apontou o dedo às forças armadas francesas, mas um porta-voz militar das forças gaulesas recusou responsabilidades. "O exército francês nega qualquer envolvimento neste ataque", afirmou.

Já o exército de Israel, como habitualmente, reagiu laconicamente: "Não comentamos relatórios de outros países".

Nem o gabinete do primeiro-ministro de Israel nem o ministério israelita dos Negócios Estrangeiros emitiram ainda qualquer comunicado sobre o incidente.

O Pentágono negou também qualquer intervenção no sucedido. Uma fonte anónima do exército norte-americano foi a primeira a aventar a hipótese do aparelho ter sido atingido por acidente pela artilharia anti-aérea síria.
Ataques a Latakia
Os media estatais sírios deram conta de um ataque na área pouco antes do aparelho russo desaparecer nos radares.

"As nossas forças aéreas repeliram mísseis inimigos vindos do mar para a cidade de Latakia e intercetaram vários deles antes deles conseguirem atingir os alvos", afirmou a agencia síria de notícias, Sana, segunda-feira ao fim do dia, citando fontes militares.

A televisão síria mencionou explosões nos céus de Latakia mesmo antes das 22h00. Meia hora depois, a página Facebook da Sana relatou que as defesas aéreas sírias tinham respondido a mísseis inimigos.

Na altura do desaparecimento do II-20, mísseis atingiram o Instituto de Indústrias de Tecnologia na cidade costeira de Latakia, no que os media sírios referiram como um ataque de Israel.

A notícia acrescentava que alguns dos mísseis haviam sido disparados a partir do mar, contra alvos em Latakia, Homs e Hama.

O ataque desta segunda-feira deu-se 48 horas depois de um alegado ataque israelita contra um arsenal perto do aeroporto de Damasco.
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