A expansão da ocupação israelita nos territórios palestinianos da Cisjordânia foi esta quarta-feira alvo de críticas pouco usuais da embaixadora norte-americana para as Nações Unidas. “Opomo-nos fortemente” a estas decisões, afirmou Samantha Power. No entanto, terão sido as declarações do secretário-geral Ban Ki-moon que mais irritaram Telavive. Face aos recentes ataques contra cidadãos israelitas, Ban Ki-moon disse que “faz parte da natureza humana” reagir à ocupação. O PM israelita acusou o chefe da ONU de estar a incentivar a violência contra Israel.
As conversas desta semana na sede da ONU em Nova Iorque acerca da situação na região versaram o dossier das ocupações, o recrudescer da violência entre israelitas e palestinianos e o beco sem saída em que se encontra o processo de paz. “Como mostra a história dos povos oprimidos, faz parte da natureza humana reagir à ocupação [dos seus territórios]”.
“As partes têm a obrigação e a responsabilidade de trabalhar para um mútuo entendimento, evitando decisões unilaterais que possam interferir com o diálogo”, alertou o ministro uruguaio dos Negócios Estrangeiros, Rodolfo Nin Novoa, que foi convidado para o grupo de discussão.
Seria, no entanto, o próprio secretário-geral Ban Ki-moon a tocar no nervo israelita ao abordar a questão dos ataques palestinianos como uma reacção natural de um povo que está a viver sob ocupação.
Intervindo no debate do Conselho de Segurança sobre o Médio Oriente, Ban Ki-moon condenou o disparo de rockets por militantes palestinianos a partir da Faixa de Gaza, mas acrescentou depois que, “como mostra a história dos povos oprimidos, faz parte da natureza humana reagir à ocupação [dos seus territórios]”.
Nesse sentido, o chefe da ONU instou ambas as partes a “evitarem que a solução de dois Estados seja colocada em causa de forma definitiva”. Para isso, pediu, Telavive deve colocar um ponto final à instalação de novos colonatos, que são "uma afronta ao povo palestiniano e à comunidade internacional”.
Ban Ki-moon justificou ataques palestinianos
As reacções sucederam-se em Israel. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusou o secretário-geral de estar a justificar “ataques terroristas”.
“Os comentários do secretário-geral servem de justificação aos ataques terroristas. E não há justificação para o terror”, lamentou Netanyahu.
“Os assassinos palestinianos não visam construir um país - eles querem destruir um país e dizem-no abertamente. Eles querem matar judeus onde quer que estejam e dizem-no abertamente. Não matam pela paz ou pelos Direitos Humanos”, atirou o chefe do governo israelita, para acusar a ONU de ter perdido “a sua neutralidade e poder moral”.
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