Batalha pós-eleitoral de Trump nos tribunais coleciona mais uma derrota

por Carlos Santos Neves - RTP
“A campanha nunca alega que qualquer boletim foi fraudulento ou depositado por um eleitor ilegal”, aponta o juiz Stephanos Bibas, nomeado por Donald Trump Erin Scott - Reuters

“As alegações não têm mérito”. Foi esta a decisão proferida nas últimas horas pelo Tribunal de Recursos do Terceiro Circuito perante a investida da equipa de advogados de Donald Trump para reavivar a contestação de resultados na Pensilvânia. “Acusações requerem alegações específicas e depois provas. Não temos nem umas nem outras aqui”, estimou esta sexta-feira o painel de três juízes federais norte-americanos, um dos quais nomeado pelo ainda Presidente dos Estados Unidos.

“A campanha nunca alega que qualquer boletim foi fraudulento ou depositado por um eleitor ilegal”, escreve o juiz relator Stephanos Bibas, nome indicado por Trump.

Em causa estava um processo relativo aos resultados da eleição presidencial no Estado da Pensilvânia que havia já sido rejeitado em primeira instância.
A queixa interposta pelos advogados do Presidente cessante, prossegue o painel, “nunca alega que qualquer acusado tratou a campanha de Trump ou os seus eleitores pior do que tratou a campanha de Biden ou os seus votos. Chamar a algo discriminação não o torna verdadeiro”.

“As acusações de injustiça são sérias. Mas considerar uma eleição injusta não o torna verdadeiro”, acentua-se no acórdão.

O painei de juízes recusou também a moção da equipa legal de Trump, encabeçada pelo antigo mayor de Nova Iorque Rudy Giuliani, com o objetivo de deitar por terra a certificação dos votos na Pensilvânia, Estado que atribuiu ao democrata Joe Biden os seus 20 votos no Colégio Eleitoral.

“O número de boletins especificamente contestados é muito menor do que a margem de vitória de cerca de 81 mil votos. E nunca se alega fraude, ou que alguns votos foram depositados por eleitores ilegais”, concluem os juízes.
“Donald Trump perdeu”
Citado pela CNN, Mike Gwin, porta-voz da campanha do Presidente eleito, foi taxativo: “Esta eleição acabou e Donald Trump perdeu”.

“Processos sem mérito, desesperados e embaraçosos como este vão continuar a falhar e não vão alterar o facto de que Joe Biden vai tomar posse como Presidente a 20 de janeiro de 2021”, enfatizou.

Em completo contraste, no Twitter, a rede social predileta de Trump, Jenna Ellis, advogada do Presidente cessante, escreveu que “a maquinaria judicial ativista da Pensilvânia continua a ocultar alegações de fraude em massa”.


Donald Trump começou entretanto a admitir - a contragosto - a transição de poder na Casa Branca.
Ainda assim, insiste na tese da fraude eleitoral e de uma suposta vitória sobre Biden.
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