BE questiona Governo sobre disponibilidade para registar Aquarius em Portugal

por RTP
Navio Aquarius em Malta, em agosto de 2018 Darrin Zammit Lupi - Reuters

O Bloco de Esquerda pede ao ministro dos Negócios Estrangeiros que o navio tenha bandeira portuguesa, para que continue a trabalhar ao serviço de organizações não-governamentais para resgatar pessoas no Mediterrâneo. Este navio ficou sem bandeira por decisão da autoridade portuária do Panamá, já depois do mesmo ter acontecido com o registo de Gibraltar.

De acordo com Pedro Filipe Soares, este é “um repto a todos os que acreditam numa política internacional de solidariedade, de humanismo para responder a esta atitude de pressão inaceitável por parte do governo italiano, agora em relação ao Governo do Panamá”, que levou a que a autoridade portuária daquele país retirasse o pavilhão ao navio Aquarius.

Desde fevereiro de 2016, o Aquarius já resgatou quase 30 mil pessoas. O bloquista lembra que só em 2018 morreram mais de 1.200 pessoas no Mediterrâneo, o que demonstra “a importância de termos navios como este a salvar pessoas”.

Pedro Filipe Soares acredita que o pedido do BE será aceite pelo governo português e lembra as palavras de Augusto Santos Silva há uns meses quando disse que os migrantes “não são carga, têm direitos e devem ser tratados com humanidade”, apontando o dedo ao governo italiano. Portugal recebeu mesmo refugiados vindos de navios que Itália não aceitou receber. Portugal “já bateu o pé a Itália”, argumenta o deputado bloquista.

“O que dizemos ao Governo português é: vamos então dar o passo para dizer que a política de xenofobia do governo italiano não tem sucesso”, desafia o BE, que pretende ainda averiguar se Portugal pode receber os 58 migrantes que estão a bordo do navio sem conseguirem desembarcar.

O Aquarius é o “último dos navios a operar”, lembra o BE. “Todos os outros foram pressionados das mais diversas formas” para deixarem de operar.

Para Pedro Filipe Soares, a continuação da atividade destes navios é essencial para salvar vidas, mas também para “fiscalizar” a atuação das autoridades marítimas como a italiana que, por vezes, “olham para o lado” em vez de resgatarem os migrantes.

Para o Bloco de Esquerda, está em causa uma escolha difícil entre “ceder aos populismos, à xenofobia, ao império do medo sobre o outro” ou ser fiel à história e legado de humanismo na Europa.
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