Bolsonaro "retira" embaixada de Jerusalém após aviso do Egipto

por RTP
Adriano Machado, Reuters

Jair Bolsonaro, visto por muitos sectores como o “Donald Trump tropical”, terá percebido esta semana que o seu nome não tem o peso que julga ter e, de qualquer forma, não tem o valor facial do actual presidente norte-americano. Procurando seguir nos passos de Trump na decisão de mudar a embaixada em Israel de Telavive para Jerusalém, o presidente eleito do Brasil foi obrigado a recuar depois de o Egipto lhe ter deixado um aviso, de acordo com os media brasileiros.

Durante a campanha presidencial, o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro prometeu uma mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, entrando no pacote de decisões de países como os Estados Unidos, Guatemala ou Austrália.

Depois da vitória sobre Fernando Hadad reiterou a promessa, voltando a reafirmá-la há uma semana.

Desde que se apresentou às presidenciais brasileiras que Bolsonaro tem sido uma personagem política assente na arte do monólogo, estratégia que terá contribuído para uma vitória confortável do novo inquilino do Palácio do Planalto. Esta estratégia poderá, contudo, não produzir os mesmos efeitos no plano das relações internacionais.

Face à determinação de Bolsonaro de alinhar com Trump na mudança da embaixada brasileira, o Egipto respondeu no início da semana com o cancelamento da visita do ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros ao Cairo, que deveria arrancar esta quinta-feira e prolongar-se pelo fim-de-semana.

Do Cairo, o MNE explicou que a deslocação do ministro Aloysio Nunes Ferreira colidia com a agenda egípcia. Já os media brasileiros falam de retaliação contra a anunciada mudança da embaixada.

Bolsonaro, que veio emendar a mão, sugerindo que poderá voltar atrás na decisão de mudar a embaixada brasileira em Israel, acusou o golpe: “É muito cedo para um país tomar represálias contra algo que ainda não foi resolvido”, declarou.
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