Bolsonaro segue passos de Trump e quer embaixada em Jerusalém

por Carlos Santos Neves - RTP
“Como declarado durante a campanha, pretendemos transferir a embaixada brasileira de Telavive para Jerusalém”, escreveu o Presidente eleito do Brasil no Twitter Pilar Olivares - Reuters

O Presidente eleito do Brasil prepara-se para reconhecer Jerusalém como a capital de facto do Estado de Israel, ao transferir para esta cidade, a exemplo do Presidente norte-americano, Donald Trump, a embaixada brasileira. Uma intenção de imediato aplaudida pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

A primeira declaração de Jair Bolsonaro sobre o Estado hebraico, no domingo, surgiu na conta do Presidente eleito na rede social Twitter.
Jair Bolsonaro questionou ainda a proximidade entre o Palácio Presidencial do Planalto, em Brasília, e a embaixada palestiniana: “Isso não deveria ser assim, por razões de segurança”.

“Como declarado durante a campanha, pretendemos transferir a embaixada brasileira de Telavive para Jerusalém, Israel é um Estado soberano e nós o respeitamos”, escreveu o Presidente eleito, que voltaria à carga, posteriormente, em conferência de imprensa. Para sustentar que “quem decide a capital é o país”.

“Se o Brasil a levou do Rio de Janeiro para Brasília, foi o Brasil. Não vejo problema. Temos todo o respeito por Israel e pelo povo árabe. Aqui todo o mundo convive sem problemas”, propugnou Bolsonaro.

Recorde-se que o Brasil reconheceu em 2010, pela mão do então Presidente Lula da Silva o Estado palestiniano – com as fronteiras do início de junho de 1967, ou seja, anteriores à Guerra dos Seis Dias, que opôs países árabes e Israel.

Embora ganhe assim corpo o cenário de distanciamento do próximo Governo brasileiro face à Autoridade Palestiniana, Bolsonaro, que assumirá a Presidência a 1 de janeiro, procurou fazer passar a ideia de estará empenhado em “resolver problemas” na arena internacional, ao invés de “gerar” situações que “compliquem as negociações com o mundo inteiro”.

Além dos Estados Unidos, também o Paraguai e a Guatemala anunciaram a transferência das embaixadas para Jerusalém. Contudo, a diplomacia paraguaia acabou por recuar nesta decisão, mantendo a representação diplomática em Telavive.

A mudança da embaixada norte-americana foi decretada em dezembro do ano passado por Donald Trump.
“Emocionante”
O primeiro-ministro israelita reagiu entretanto às declarações do Presidente eleito do Brasil, descrevendo a sua intenção como “um passo histórico, correto e emocionante”.

“Felicito o meu amigo, o Presidente brasileiro eleito, Jair Bolsonaro, pela sua intenção de transferir a embaixada para Jerusalém”, afirmou Benjamin Netanyahu, numa mensagem reproduzida por um porta-voz.

Bolsonaro já defendera, em entrevista ao jornal conservador Israel Hayom - a publicar na íntegra esta sexta-feira -, que o Estado hebraico teria “o direito soberano a decidir qual é a sua capital”.
O dossier Moro
Bolsonaro pronunciou-se também sobre a escolha de Sérgio Moro, o juiz da operação Lava Jato, para a pasta da Justiça.
Na conferência de imprensa de quinta-feira, Bolsonaro admitiu desistir da fusão dos ministério da Agricultura e Meio Ambiente, plano que foi recebido com críticas por parte de produtores agrícolas e ambientalistas.
“Conversamos por uns 40 minutos e ele expôs o que pretende fazer caso seja ministro e eu concordei a 100 por cento do que ele propôs. Ele queria liberdade total para combater a corrupção e o crime organizado e um Ministério com poderes para tal”, afirmou o Presidente eleito.

Moro, acentuou Jair Bolsonaro, “vai ser um ministro importante. Qualquer pessoa que apareça no noticiário policial vai ser investigada e não terá qualquer interferência da minha pessoa”.

Bolsonaro quis refutar as críticas do Partido dos Trabalhadores por causa da nomeação do juiz para o Ministério da Justiça: “Se eles estão reclamando é porque eu fiz a coisa certa”.

“O trabalho dele foi muito bem feito. Em função do combate à corrupção, da operação Lava Jato, as questões do Mensalão, entre outros, ele ajudou-me a crescer, politicamente falando”, carregou.

Enquanto juiz, Moro, que aceitou integrar o Executivo, foi responsável pela condenação em primeira instância de Luiz Inácio Lula da Silva num processo sobre a propriedade de um apartamento de luxo em São Paulo.

c/ agências
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