Bombardeamentos destruíram teatro que abrigava civis em Mariupol

por Carlos Santos Neves - RTP
“Os invasores destruíram o Teatro Dramático, um lugar onde mais de um milhar de pessoas tinham encontrado refúgio”, denunciou no Telegram a câmara de Mariupol Administração Regional Civil-Militar de Donetsk - Reuters

Bombardeamentos sobre Mariupol atribuídos às forças russas devastaram, na quarta-feira, o Teatro Dramático, que servia de abrigo a mais de um milhar de civis naquela cidade do sudeste da Ucrânia, denunciaram as autoridades locais. O Ministério russo da Defesa alega que o edifício, agora reduzido a escombros, foi detonado por forças ucranianas da extrema-direita. A maioria dos civis terá sobrevivido, segundo um deputado ucraniano.

Ouvido pela BBC, o deputado ucraniano Dmytro Gurin, cujos pais se encontram em Mariupol, afirmou ter apurado que há sobreviventes.

"O edifício está destruído. Temos mais de mil mulheres e crianças no abrigo, na cave. Há minutos tivemos a informação de que o abrigo sobreviveu e de que pessoas que ali estavam sobreviveram", adiantou.

"Ainda não sabemos se temos pessoas feridas ou mortas. Mas parece que a maioria sobreviveu e está bem", precisou Gurin.

Ao início da manhã desta quinta-feira, o número de vítimas do ataque ao teatro em Mariupol era ainda indeterminado.

“Os invasores destruíram o Teatro Dramático. Um lugar onde mais de um milhar de pessoas tinham encontrado refúgio. Jamais perdoaremos isto”, escreveu a câmara local em mensagem na plataforma Telegram, citada pelas agências internacionais.

“Um avião largou uma bomba sobre o edifício”, prosseguiu a câmara de Mariupol, para acrescentar que, naquele momento, era “impossível estabelecer um balanço”, dado que os bombardeamentos contra bairros residenciais continuavam em curso.“A entrada do abrigo ficou bloqueada por destroços. As informações sobre vítimas estão a ser verificadas”, indicou a câmara de Mariupol.

“É impossível encontrar palavras para descrever o nível de cinismo e crueldade com o qual os invasores russos aniquilam habitantes pacíficos”, acentuaram as autoridades locais.

A empresa norte-americana Maxar Technologies divulgou uma imagem de satélite, com a data de 14 de março, que mostra a palavra “crianças” escrita em russo no pavimento diante do Teatro Dramático, edifício com telhado vermelho.


Maxar Technologies| Reuters

Em Moscovo, o Ministério russo da Defesa saiu a público para desmentir que tivesse sido ordenado um bombardeamento sobre o Teatro Dramático, atribuindo a explosão no edifício ao Batalhão Azov, força ucraniana conotada com a extrema-direita e o neonazismo. Uma acusação que faz eco do que as chefias militares russas haviam já dito sobre o recente bombardeamento de uma maternidade na mesma cidade.
“Centenas de vítimas”
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou, por sua vez, a Rússia de ter feito “centenas de vítimas” no bombardeamento contra o Teatro de Drama de Mariupol.

“Em Mariupol, a Força Aérea russa lançou conscientemente uma bomba no Teatro Dramático, no centro da cidade", afirmou Zelensky durante a noite, para acrescentar ser “ainda desconhecido o número de mortos”.Na semana passada, Moscovo responsabilizou o Batalhão Azov pelo bombardeamento de uma maternidade e hospital pediátrico da região de Mariupol, que fez três mortos e 17 feridos.

Horas antes do bombardeamento sobre o Teatro Dramático, o exército ucraniano acusara as forças russas de terem bombardeado civis que, através de um suposto corredor humanitário, procuravam abandonar Mariupol – disparos efetuados por um sistema de lançamento múltiplo de rockets Grad terão atingido um grupo de civis que se deslocava para Zaporizhzhia.

As autoridades ucranianas estimam em mais de dois mil o número de civis vítimas dos ataques russos em Mariupol.

c/ agências
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