Boris Johnson vence segunda volta e fica mais perto de suceder a Theresa May

por RTP
Henry Nicholls - Reuters

Brexit com ou sem acordo, foi o tema principal entre os seis candidatos esta terça-feira à noite, num debate televisivo na BBC. No mesmo dia em que Boris Johnson participou no debate, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros voltou a vencer a votação interna do Partido Conservador.

A segunda volta das eleições internas do Partido Conservador decorreu esta terça-feira, dando vitória, mais uma vez, a Boris Jonhson. O ex-ministro britânico dos Negócios Estrangeiros conquistou 126 votos dos 313 deputados conservadores.

Esta segunda ronda para escolher o novo líder do partido, o próximo primeiro-ministro e sucessor de Theresa May, provou que Boris Jonhson é o favorito entre os candidatos.

Por outro lado, não conseguindo alcançar os votos mínimos, Dominic Raab foi eliminado. À próxima etapa, que decorre esta quarta-feira, passam apenas cinco dos candidatos.


Na primeira volta nas votações internas para escolher o novo líder conservador, na quinta-feira passada, Boris Johnson venceu com larga diferença. Com 114 votos, o antigo secretário de Estado conseguiu mais que os três principais rivais juntos: Jeremy Hunt teve 43; Michael Gove teve 37; e Dominic Raab conseguiu 27.

Boris Johnson continua, assim, a ser o mais votado. Entre a primeira e a segunda etapa das votações conseguiu o voto de mais 12 deputados.

Está agendada para esta quarta-feira a terceira volta, na qual passarão apenas os dois candidatos mais votados. Até agora Jeremy Hunt tem se mantido em segundo lugar, embora com uma diferença acentuada de Boris Jonhson.

Os dois candidatos concorrentes, eleitos nesta última ronda de votações internas, vão participar numa eleição nacional, realizada por correspondência pelos militantes do Partido Conservador.

Os cerca de 160 mil membros do partido devem receber um boletim de voto a partir de 22 de junho e têm de o enviar por correio até 22 de julho, sendo o vencedor anunciado nos dias seguintes.
Brexit, impostos e islamofobia em debate
A BBC realizou um debate, transmitido em direto esta terça-feira, com os seis candidatos à corrida pela sucessão de Theresa May e à liderança do Partido Conservador. Boris Johnson, depois de criticado por faltar ao primeiro debate no domingo, transmitido pelo Chanel 4, participou de forma defensiva desculpando-se pela sua ausência no evento anterior.

Durante o debate, os concorrentes entraram em discussão sobre se o Reino Unido deve ou não sair da União Europeia e, caso seja para avançar com o Brexit até 31 de outubro, quais as condições.

Para Boris Johnson o prazo é “perfeitamente viável”. “Nós temos de sair a 31 de outubro, porque, de outra forma, temo que venhamos a enfrentar uma perda catastrófica de confiança nos políticos”, disse o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.


Já Michael Gove e Jeremy Hunt consideraram que pode ser necessário mais tempo.

Quanto à possibilidade de ainda não haver acordo em outubro e o Reino Unido sair, os candidatos não chegaram a entendimento.

Para Hunt o "no deal" é a última opção. Se o Reino Unido estivesse perto de finalizar um acordo com a UE, próximo do prazo, Hunt seria a favor de estender as negociações, de forma a evitar os transtornos que uma saída sem acordo pode causar às relações e aos negócios com outras nações e, em especial, com a UE.

Já o favorito à sucessão de Theresa May referiu ser preferivel haver acordo, mas que é importante estarem preparados para a "eventualidade" de isso não acontecer dentro do prazo estipulado para a saída do Reino Unido.

Rory Stewart afirmou que não concordava com uma saída "sem acordo e desnecessária" e que os restantes candidatos no debate não tinham como o fazer "sem o consentimento do Parlamento".

Outro tema que manteve a discussão acesa foi o plano económico de cada um dos candidatos, os cortes nos impostos e os gastos com os serviços públicos.

Quanto à proposta de redução de impostos a pessoas com altos salários, Boris Johnson voltou a afirmar ser essa a sua “ambição”, dizendo que o que propõe é um plano “para ajudar principalmente as pessoas mais pobres da sociedade”.

Gove. referindo-se os planos de Johnson de reduzir os impostos para aqueles que ganham mais de 50 mil libras por ano, reforçou que o foco devia ser mesmo "ajudar os mais pobres da sociedade"

Questionados sobre as declarações de Donald Trump relativas ao incentivo à islamofobia, os candidatos, numa opinião geral, consideraram que as “palavras têm consequências”.


Aproveitando a questão, Johnson pediu desculpas por qualquer coisa ofensiva que tenha escrito nos últimos 20 ou 30 anos enquanto jornalista, ou mesmo durante a sua carreira política e relembrou as suas ascendências muçulmanas.

“O meu bisavô muçulmano estaria orgulhoso do contributo do seu neto para este país”, disse.



Embora Boris Johnson seja o preferido, considerando os resultados das votações, não foi o candidato que mais se destacou durante o debate televisivo da BBC.
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