Brasil. Estudantes em protesto são “idiotas” e “imbecis”, diz Bolsonaro

por RTP
Ricardo Moraes - Reuters

Milhares de pessoas protestaram, esta quarta-feira, em mais de 170 cidades brasileiras contra os cortes na Educação. Bolsonaro, em visita aos EUA, reagiu criticando os estudantes em protesto.

No passado mês de abril o Governo anunciou um corte de 30 por cento nas verbas das instituições de ensino federais, universidades e colégios públicos do país, explicando que esse “congelamento” seria de 24,84 por cento das despesas discriminatórias, como, por exemplo, contas de água e eletricidade.

O Ministério da Educação referiu que não havia cortes, mas sim limitações de despesas. No entanto, nas universidades federais o corte ascende os 1,7 mil milhões de reais, ou 3,43 por cento do orçamento.

Esta quarta-feira, milhares de estudantes, professores e elementos de movimentos sociais juntaram-se, em protesto, nas ruas de mais de 170 cidades, dos 27 estados federais do Brasil, contra o bloqueio das verbas na Educação. Os protestos, convocados por estruturas estudantis e sindicais, foram das primeiras grandes demonstrações públicas de oposição ao Governo de Jair Bolsonaro.

As artérias principais das cidades ficaram bloqueadas. No Rio de Janeiro, para além das manifestações no centro da cidade, houve ainda paralisações nas universidades. Já em Brasília, os manifestantes juntaram-se em frente à Biblioteca Nacional. Os números variam de cidade para cidade, mas a Reuters aponta que só na capital, Brasília, juntaram-se mais de sete mil estudantes e professores universitários.


“São uns idiotas úteis, uns imbecis", diz Bolsonaro
O Presidente brasileiro, que se encontra em Dallas, nos Estados Unidos da América, reagiu aos protestos criticando a instrumentalização e a dimensão “militante” das manifestações.

Bolsonaro não se surpreendeu com os protestos e referiu que até “é normal” que aconteçam. “Mas a maioria ali é militante. Não tem nada na cabeça. Se você perguntar quanto é 7x8 ninguém sabe. Se perguntar qual é a fórmula da água, ninguém sabe. Não sabem nada”, criticou.

“São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão a ser utilizados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil”.

Os cortes na Educação causaram polémica em universidades financiadas pelo governo federal, e em especial algumas das escolas mais prestigiadas e competitivas do Brasil. Na lista das instituições afetadas, destacam-se ainda hospitais universitários, bolsas de investigação e escolas secundárias.

Em resposta aos protestos, o ministro da Educação, Abraham Weintraub defendeu o atual Governo, responsabilizando a situação governativa anterior.

“Não somos responsáveis pelo contingenciamento atual. O Orçamento atual foi feito pelo Governo eleito de Dilma Rousseff e Temer”, declarou o ministro numa audiência na câmara baixa parlamentar.

Assumindo que o Governo de Jair Bolsonaro, que tomou posse em janeiro, não deve ser culpabilizado, Abraham insistiu: "Não somos responsáveis pelo desastre da Educação (...). O Governo, que tem quatro meses, não é responsável pela situação".

O Ministério da Educação assegura estar disponível para dialogar e receber reitores de universidades federais e parlamentares que pretendam debater os efeitos destas medidas no funcionamento das instituições de ensino.

Segundo o ministro da Educação, o Governo brasileiro pretende usar o dinheiro recuperado no âmbito das investigações relacionadas com corrupção na empresa estatal Petrobras nas áreas da educação e da saúde.
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