Brasil. Polícia do Rio de Janeiro matou cinco pessoas por dia em 2019

por RTP
As operações policiais aumentaram em 2019, quando o governador Wilson Witzel assumiu o cargo, em janeiro Ricardo Moraes - Reuters

O número de mortes às mãos da polícia do Rio de Janeiro atingiu um recorde no ano passado. As forças de segurança mataram 1810 pessoas, uma média de cinco pessoas por dia, o número mais alto desde 1998.

O Rio de Janeiro é, historicamente, uma das cidades mais violentas do Brasil, com várias áreas ligadas ao tráfico de droga e controladas por gangues. Grupos militares formados por polícias também expandiram a sua influência nesses locais.

As operações policiais aumentaram em 2019, quando o governador Wilson Witzel assumiu o cargo, em janeiro. Witzel chegou mesmo a declarar que as autoridades “cavariam covas” para enterrar criminosos, caso fosse necessário, prometendo massacrar qualquer suspeito armado.
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, também é defensor do uso da força contra suspeitos, afirmando que “um bom criminoso é um criminoso morto”.

Segundo as estatísticas esta semana divulgadas pelo Instituto de Segurança Pública, o total de mortes provocadas pela polícia no ano passado representa um aumento de 18 por cento em relação ao ano anterior, refere a BBC.

As autoridades garantem que a maioria das vítimas foram homens armados que morreram em confrontos com a polícia, ou pessoas inocentes que foram injustamente alvejadas ou que se encontravam em fogos cruzados. No entanto, há suspeitas de que existem casos de assassínio.

Têm aumentado as críticas às políticas que permitem que os agentes operem fortemente armados e atiradores de helicóptero para combater criminosos em zonas de elevada densidade populacional.

As autoridades afirmam que a abordagem funcionou, dada a quebra dos crimes violentos.

O número de homicídios na cidade do Brasil caiu para 3.995, a maior queda desde 1991. Esta queda reflete uma tendência que pode ser vista em todo o país, onde os homicídios caíram mais de 20 por cento nos primeiros noves meses de 2019, segundo os dados oficiais.
"Padrão geral"

Os especialistas afirmam que a melhoria na avaliação não deve ser sustentada nas operações mais violentas, uma vez que a diminuição de crimes pode ser apenas uma reação momentânea, escreve a Folha de São Paulo.

O jornal brasileiro avança com um estudo de setembro de 2019, feito pelo Ministério Público brasileiro, onde é mostrado que as mortes provocadas por agentes da polícia não têm efeitos na redução de crimes no Rio de Janeiro.

O relatório concluiu que “há de facto áreas onde o aumento de mortes pela polícia é acompanhado da queda nos homicídios dolosos, mas esse não é o padrão geral”.

O governador Wilswon Witzel não relaciona diretamente os dois acontecimentos, mas defende que a sua política para a retirada de armas e drogas está a ter resultados.
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