A cerca de um mês de os britânicos irem às urnas para decidir a permanência do país na União Europeia, as campanhas ganham força. O “não” ao Brexit conquistou esta sexta-feira um apoio mediático de peso.
O ator está entre as quase 300 personalidades britânicas do mundo artístico que assinaram um manifesto contra a saída do Reino Unido do espaço comunitário. Além de Cumberbatch, contam-se entre os signatários outros atores como Keira Knightley, Jude Law e Helena Bonham Carter, o realizador Danny Boyle, a designer de moda Vivienne Westwood ou o escritor John le Carré.
A carta, divulgada pelo movimento “Britain Stronger in Europe” (A Grã-Bretanha mais forte na Europa) defende que o Reino Unido é “mais forte, mais imaginativo e mais criativo na Europa”, sendo que “o sucesso criativo global ficaria extremamente enfraquecido” com a saída do espaço comum.Please RT: a host of A-list actors say creative Britain is stronger & better off IN Europe. https://t.co/Uc55IroF7T pic.twitter.com/bfYLWdY2Pc
— Stronger In (@StrongerIn) May 20, 2016
“O referendo obriga-nos a olhar ao espelho e questionar: que tipo de nação queremos ser? Somos voltados para o exterior e temos abertura para trabalhar com os outros e aumentar as nossas conquistas? Ou vamos fechar-nos aos nossos amigos e vizinhos numa altura em que aumentam as incertezas globais?”, questionam os artistas.
“Da galeria mais pequena ao maior êxito de bilheteira, muitos de nós trabalharam em projetos que nunca teriam acontecido sem o financiamento vital da EU ou sem a colaboração além-fronteiras”, constata a missiva, recordando filmes vencedores de Óscares, como “O Discurso do Rei”, “A Dama de Ferro” ou “Quem Quer Ser Bilionário” como exemplos que beneficiaram de fundos europeus.Steve McQueen, Mike Leigh & other top film directors back voting remain #StrongerIn pic.twitter.com/8rfv7rBzLJ
— Stronger In (@StrongerIn) May 20, 2016
Os artistas defendem que abandonar a União Europeia significaria um “salto para o desconhecido” para os milhões de pessoas que trabalham nas indústrias criativas.
Entre os quatro por cento que contrariam a maioria está, por exemplo, Lord Michael Dobbs, o político conservador mais conhecido por ser o autor de House of Cards, a trilogia que deu origem à célebre série televisiva, primeiro no Reino Unido, nos anos 90, e mais recentemente nos Estados Unidos.
“As nossas indústrias criativas estão no auge devido ao talento presente no ADN dos britânicos. É um sucesso alcançado através da dedicação, do trabalho árduo e das extraordinárias capacidades criativas dos nossos artistas, não tem nada que ver com a União Europeia. A cultura não deve nada a comissões” salienta o político britânico.
“A Grécia Antiga foi o berço da nossa civilização e hoje, devido às terríveis políticas europeias, as ruas onde um dia estiveram os maiores filósofos e dramaturgos do mundo, estão cheias de pedintes desesperados e lixo. Esta é a realidade da EU. Está a cair. O sonho morreu. Temos de seguir em frente”, defende Lord Dobbs.The EU - of elites, by elites, for elites. Time to give it back to the people.
— Lord Michael Dobbs (@dobbs_michael) May 20, 2016
Já entre os líderes politicos, o último a juntar-se à causa anti-Brexit foi o primeiro-ministro do Canadá. Justin Trudeau defende que “a união é o caminho da prosperidade” e que “o separatismo e as divisões não são produtivas para os países”.
O presidente da Comissão Europeia deixou esta sexta-feira mais um aviso aos britânicos, caso votem pelo “Sim” à saída da EU. Em entrevista ao Le Monde, Jean-Claude Juncker sublinha que o Reino Unido não pode esperar “”ser recebido de braços abertos” se decidir “desertar”.Canadian PM @JustinTrudeau is clear: Britain's influence in the world is amplified by being in the EUhttps://t.co/esxrKotDZ4
— Stronger In (@StrongerIn) May 20, 2016
“Se o Reino Unido abandonar a União Europeia as pessoas terão de enfrentar as consequências, e nós também. Não é uma ameaça mas as nossas relações não voltarão a ser o que são hoje”, salientou o luxemburguês.
O Reino Unido vai a votos a 23 de junho. As várias sondagens citadas esta sexta-feira pela Reuters mostram que, apesar de uma vantagem ligeira para o “Não” ao Brexit, a batalha será renhida.
ICM: Não: 47% Sim: 39% Indecisos: 14%
ORB: Não: 55% Sim: 40% Indecisos: 5%
TNS: Não: 38% Sim: 41% Indecisos: 21%
YouGov: Não: 44% Sim: 40% Indecisos: 12%
Ipsos Mori: Não: 55% Sim: 37% Indecisos: 8%
Comres: Não: 52% Sim: 41% Indecisos: 7%