Brexit. França prevê negociações difíceis entre Reino Unido e UE

por RTP
O Reino Unido encontra-se, até ao final de 2020, num período de transição Foto: Benoit Tessier - Reuters

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros acredita que o Reino Unido e a União Europeia estão prestes a enfrentar negociações amargas no que diz respeito à futura relação entre ambas as partes. Os britânicos abandonaram oficialmente o bloco europeu no último dia de janeiro, mas terão até ao final deste ano para definir, em conjunto com os 27, os contornos de temas fundamentais.

“Vamos entrar em confrontos no que diz respeito a questões comerciais e ao mecanismo para relações futuras, temas que iremos agora começar a debater”, explicou o ministro Jean-Yves Le Drian. “Mas isso faz parte das negociações, todos irão defender os seus interesses”.

Com a saída oficial do Reino Unido da União Europeia, a 31 de janeiro deste ano, as duas partes deverão começar a debater já no início de março a futura relação, decidindo de que forma vão cooperar em áreas como o comércio, segurança, educação, aplicação de leis europeias ou pesca.

“Esperamos que possa ser feito o quanto antes, mesmo que haja muitos assuntos a debater, e há assuntos sérios com os quais teremos de lidar”, disse o ministro francês, referindo-se em particular à questão da pesca, uma vez que Londres se tem mostrado relutante em aceitar a exigência da UE de acesso a águas britânicas.
Reino Unido espera “cooperação amigável”
O Reino Unido encontra-se, até ao final de 2020, num período de transição durante o qual vai estar em constantes negociações com a União Europeia. Caso o primeiro-ministro britânico o decida, poderá prolongar esse período por 12 ou 24 meses.

Boris Johnson tem argumentado que o Reino Unido está totalmente alinhado com as atuais regras europeias e que, por isso, as negociações deverão ser simples e breves. O Governo britânico defende um acordo com a UE baseado na “cooperação amigável entre soberanos iguais”.

O bloco já avisou, no entanto, que apenas concordará em questões como a de um acordo de livre comércio caso o Reino Unido aceite manter as normais europeias para o ambiente e para os direitos dos trabalhadores.

No dia da saída oficial, a 31 de janeiro, os líderes das três grandes instituições europeias reuniram-se para assinalar momento que consideraram “peculiar” para a Europa e aproveitaram para lançar um aviso.

“O Reino Unido vai tornar-se um país terceiro e, como todos os países terceiros, apenas aqueles que reconhecem as regras do mercado interno podem beneficiar do mercado comum”, alertou na altura Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
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