Brexit. Parlamento britânico pede adiamento curto

por RTP
Jessica Taylor, Reuters

Os deputados britânicos aprovaram, por 412 votos a favor e 202 contra, uma resolução pedindo um adiamento curto, com a possibilidade de um prazo mais longo se não se encontrar até essa data uma fórmula satisfatória.

Antes da proposta foram votadas quatro emendas. Os deputados da Câmara dos Comuns tinham antes rejeitado com 334 votos contra e apenas 85 a favor uma primeira emenda que procurava obter um adiamento suficiente do Brexit para organizar um segundo referendo. A emenda apresentada pela deputada Sarah Wollaston, do Grupo Independente, de dissidentes conservadores, teve as abstenções do Partido Trabalhista.

Também foi rejeitada, tangencialmente com 314 votos contra e 311 a favor, uma outra emenda, apresentada pela deputada trabalhista Lucy Powell, que apontava para um adiamento até 30 de junho.

Foi ainda rejeitada uma outra emenda apresentada pela deputada trabalhista Hilary Benn, por 314 votos contra 312 a favor, que visava um adiamento do Brexit até haver uma maioria parlamentar em torno de uma solução de saída. Uma outra emenda muito semelhante foi, enfim, rejeitada por 318 votos contra 302 a favor.

A primeira-ministra britânica adoptara a táctica de pressionar os deputados dissidentes com a ameaça de um adiamento longo do Brexit. Como mal menor, espera forçá-los a apoiarem o acordo que negociou com a União Europeia. Por isso, admite voltar a submeter a votação o acordo que ainda anteontem fora rejeitado por expressiva maioria.

Mas, segundo a Reuters, não há sinais de que esta estratégia tenha abalado o rejeccionismo dos eurocépticos mais empedernidos. O deputado dissidente conservador Andrew Bridgen acusou May de prosseguir uma política de "terra queimada", por destruir todas as outras opções de saída, para colocar o parlamento entre o adiamento longo e o acordo que ela própria negociou com a UE.

Aqui, é preciso contar também com o DUP (Democratic Unionist Party), da Irlanda do Norte, que também tem manifestado a sua oposição ao acordo proposto por May. A dirigente unionista Arlene Foster disse que o partido estava a trabalhar com o Governo, em busca de um consenso sobre a forma de sair da UE com um acordo.

O Partido Trabalhista opôs-se à emenda que procurava impedir Theresa May de submeter o seu acordo a uma nova votação no parlamento.

O pedido de adiamento, especificando a respectiva extensão, deverá ser colocado ao Conselho da Europa na sua reunião da próxima semana.

O lugar-tenente de Theresa May, David Lidington, disse hoje ao parlamento que "o caminho em frente e as escolhas com que estamos confrontados estão longe de ser lineare: temos de decidir de quanto tempo deve ser o adiamento e temos de apresentar essa proposta ao Conselho da Europa na próxima semana". E afirmou também que May voltaria a submeter à votação o seu acordo com a UE "se se entendesse que valia a pena".
Se não houver um acordo com a UE para adiar a saída, esta terá lugar em 29 de março, sem estarem acordados os termos da saída.

O presidente do Conselho da Europa, Donald Tusk, citado pela agência Reuters, adiantou que apelará aos 27 outros membros da UE no sentido de que "estejam abertos a um adiamento longo se o Reino Unido o considerar necessário para repensar a sua estratégia de Brexit e para criar consenso à volta dela".

A França também anunciou que se oporia a qualquer adiamento curto que apenas servisse para May submeter o seu acordo ao parlamento mais uma vez.


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