Brexit. Theresa May em périplo pela Europa para tentar salvar acordo

por Raquel Ramalho Lopes - RTP
Mark Rutte considerou que o encontro com Theresa May foi "útil" Piroschka Van De Wouw - Reuters

Theresa May está em viagem pela Europa para tentar reunir apoios numa última tentativa de salvar o acordo que define os termos do divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia. Depois de ter reconhecido que o acordo seria rejeitado “por larga margem” no Parlamento britânico e por isso adiava a votação, a primeira-ministra procura “garantias adicionais” sobre a solução encontrada para a fronteira da Irlanda do Norte.

Theresa May tomou o pequeno-almoço com o primeiro-ministro holandês em Haia, pouco depois tem um encontro com a chanceler alemã em Berlim, ao final da tarde uma reunião com o presidente da Comissão Europeia em Bruxelas. Este é o plano de viagens da primeira-ministra britânica apenas para esta terça-feira, o dia em que a votação deveria realizar-se, à hora em que afinal estará reunida com Jean-Claude Juncker.

Perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o presidente da Comissão Europeia disse estar "espantado" com a falta de capacidade da primeira-ministra para fazer aprovar o acordo de saída, concluído com a União Europeia no mês passado, no Parlamento britânico.

"O acordo que conseguimos é o melhor possível. É o único acordo possível. Não há espaço para renegociação”, declarou.

"Mas é claro que há espaço suficiente para dar mais esclarecimentos e interpretações adicionais sem abrir o acordo de retirada", acrescentou Jean-Claude Juncker, para depois insistir que "o acordo de retirada não será reaberto".

Theresa May também anunciou na Câmara dos Comuns que iria procurar encontrar-se com o Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que quinta e sexta-feira preside à cimeira de líderes europeus que vão debater o Brexit, incluindo o cenário de saída sem acordo.
O que pretende Theresa May
De acordo com um porta-voz da primeira-ministra, Theresa May quer debater “as preocupações expressas pelo Parlamento” britânico. O principal motivo das críticas dos parlamentares britânicos é a solução encontrada para evitar uma fronteira física na ilha da Irlanda, o chamado mecanismo de salvaguarda, também designado como backstop.
O Parlamento britânico deverá votar o Acordo de Saída, que a primeira-ministra negociou com Bruxelas ao longo de 17 meses, antes de 21 de janeiro, revelou o porta-voz de Theresa May.
A BBC refere que a primeira-ministra pretende garantias legais de que o Reino Unido não ficará enredado indefinidamente no mecanismo de salvaguarda para a Irlanda do Norte.

A União Europeia fará todas as clarificações mas não vai reabrir as negociações do conjunto de diplomas que compõem o Brexit nem sequer apenas o protocolo relativo à fronteira na Irlanda.

Jean-Claude Juncker repetiu que nenhum dos lados queria um mecanismo que mantenha o Reino Unido numa união alfandegária com a União Europeia, mas foi a solução encontrada à falta de uma maneira melhor de evitar os controlos nas fronteiras entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, Estado-membro da União Europeia.

“Estamos determinados a fazer de tudo para nunca ter de usá-lo, mas temos de preparar esse cenário. Isso é necessário pela coerência do que acordámos e pela Irlanda. A Irlanda nunca será abandonada por nós", declarou.
pub