Bruxelas desenha pacote de 18 mil milhões em empréstimos à Ucrânia

por Carlos Santos Neves - RTP
“A presidente Von der Leyen informou o presidente Zelensky de que esta semana proporia um grande pacote financeiro da UE”, adianta a Comissão em comunicado Anreas Gora - EPA

Dezoito mil milhões de euros em empréstimos a fazer chegar à Ucrânia no próximo ano. É este o resumo do pacote que a presidente da Comissão Europeia detalhou, este domingo, em conversa telefónica com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Trata-se, segundo o gabinete de Ursula von der Leyen, de empréstimos a longo prazo, com condições favoráveis e cobertura dos custos dos juros.

“A presidente Von der Leyen informou o presidente Zelensky de que esta semana proporia um grande pacote financeiro da UE, de até 1,5 mil milhões de euros por mês, para um total de até 18 mil milhões de euros, o que contribuiria significativamente para responder às necessidades de financiamento da Ucrânia para 2023”, adianta em comunicado a Comissão Europeia.

O objetivo passa por “garantir um financiamento previsível e regular de funções essenciais do Estado”. Pretende-se também acautelar ao apoio às “reformas da Ucrânia” e ao “seu caminho para a adesão” à União Europeia.

“O pacote financeiro da UE terá de ser acompanhado por um apoio semelhante de outros grandes doadores”, enfatiza a Comissão, que refere ainda “trabalhos em curso” para garantir ajuda humanitária durante o inverno.“A UE está pronta para apoiar a Ucrânia a longo prazo”, afiança Bruxelas. O país já recebeu, desde o início do ano, um total de 19 mil milhões de euros em apoios da Europa.

No último Conselho Europeu, os chefes de Estado e de governo da União abordaram a possibilidade da atribuição mensal de financiamento ao país invadido pelas tropas de Vladimir Putin. Kiev já fez saber que necessita de cerca de “três mil milhões a quatro mil milhões de euros por mês”, tendo em vista garantir “recursos suficientes para o básico”.

No contacto deste domingo, Ursula von der Leyen e Volodymyr Zelensky abordaram também o tema das exportações de produtos agrícolas da Ucrânia, designadamente a chamada Iniciativa de Cereais do Mar Negro. Os planos de expansão das Rotas de Solidariedade UE-Ucrânia e o reforço de sanções à Rússia foram igualmente referidos.
“O cansaço sobre a Ucrânia”
Este domingo fica marcado pela notícia, avançada pelo diário The Washington Post, de que a diplomacia norte-americana terá apelado, em privado, ao Governo de Kiev para que mantenha em aberto a possibilidade de negociar um acordo de paz com a Rússia.

Fontes diplomáticas, citadas pelo jornal norte-americano, falam de um “intento calculado”, por parte da Administração Biden, para garantir a Kiev o apoio de governos cujos eleitorados começam a revelar cansaço da guerra e dos seus efeitos económicos e financeiros.

“O cansaço sobre a Ucrânia é uma realidade para alguns dos nossos parceiros”, admitiu responsável norte-americano, a coberto do anonimato.

Ao mesmo tempo, todavia, a Administração democrata transmitiu a Kiev o conhecimento de que nenhuma das ofertas russas de negociação demonstra credibilidade. Isto porque as exigências de Moscovo se traduzem, na prática, numa rendição incondicional.

Os responsáveis norte-americanos questionam-se atualmente, ainda de acordo com o Washington Post, sobre se a Ucrânia tem a intenção de desencadear ofensivas na Crimeia, o que poderia deitar por terra quaisquer esperanças de um acordo de paz.

“Alguns dos países do G7 que pediram uma paz justa e negociada veem um possível ponto de inflexão se as forças ucranianas se aproximarem da Crimeia”, sublinham as fontes do diário.

c/ agências
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