Cabo Delgado. PM diz que deslocados estão a regressar "em segurança" às zonas reconquistadas

por Lusa

O novo primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, disse hoje que os deslocados de guerra em Cabo Delgado, norte do país, estão a regressar em segurança às zonas afetadas pela violência armada, como resultado do combate ao "terrorismo".  

"As ações em curso enquadram-se no âmbito do Plano de Reconstrução de Cabo Delgado e estão a permitir a normalização gradual da vida nas zonas afetadas e o regresso seguro dos deslocados", afirmou Maleiane.

O novo primeiro-ministro falava na Assembleia da República, na sessão de informações do Governo às perguntas das bancadas parlamentares, na sua primeira intervenção neste órgão legislativo, desde que foi empossado no cargo na semana passada.

"No que concerne ao combate ao terrorismo no norte da província de Cabo Delgado, temos vindo a registar progressos assinaláveis mercê da entrega, bravura e espírito de sacrifício das Forças de Defesa e Segurança, em coordenação com as forças da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] e do Ruanda", declarou Adriano Maleiane.

Com a melhoria da situação de segurança, prosseguiu, os dirigentes dos órgãos locais do Estado e os funcionários públicos já estão a regressar aos seus postos de trabalho, empenhando-se na prestação de serviços públicos à população que lá se encontra.

Os responsáveis que voltaram às zonas antes afetadas pelos ataques armados estão igualmente envolvidos em ações de acolhimento dos deslocados de guerra que estão de regresso às zonas de origem, acrescentou Adriano Maleiane.

"O Governo vem desenvolvendo várias ações, sobretudo de assistência humanitária, restabelecimento dos serviços básicos e reconstrução das infraestruturas destruídas pelos terroristas", sublinhou Maleiane.

Por outro lado, a assistência humanitária continua uma prioridade, tal como a retoma dos serviços básicos e reconstrução de infraestruturas "destruídas pelos terroristas", frisou aquele governante.

"A população que se encontra nos distritos da zona norte de Cabo Delgado já está a beneficiar novamente dos serviços de fornecimento de energia, abastecimento de água, assim como da rede de telefonia móvel", declarou Adriano Maleiane.

O primeiro-ministro avançou que, no quadro da recuperação e dinamização da atividade produtiva, estão a ser distribuídos "kits" na agricultura e pescas para as famílias afetadas pela violência visando a sua subsistência e geração de rendimentos.

Para revitalizar a atividade económica e comercial, o executivo lançou uma linha de crédito para apoiar as micro, pequenas e médias empresas, em particular os pequenos negócios da população afetada, disse Adriano Maleiane.

O primeiro-ministro observou que foi reiniciado o pagamento do subsídio social básico às famílias deslocadas ou regressadas às zonas de origem e estão em marcha campanhas de registo civil e de emissão de Bilhete de Identidade para a população afetada.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas, aterrorizada desde 2017, por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques nalguns distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

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