Candidato das Ilhas Salomão diz querer abolir pacto de segurança com China

por Lusa

Um dos candidatos ao cargo de primeiro-ministro das Ilhas Salomão prometeu hoje abolir o pacto de segurança assinado com a China, na sequência de eleições que poderão ter impacto na segurança regional.

"Se estivermos no poder, aboliremos o tratado de segurança. Não achamos que seja bom para as Ilhas Salomão", disse Peter Kenilorea, citado pela agência de notícias France-Presse.

Os votos estão a ser contados depois das eleições de quarta-feira no arquipélago para renovar o parlamento e escolher um primeiro-ministro, processo que pode demorar algum tempo.

As eleições neste pequeno país de cerca de 720 mil habitantes espalhados por centenas de ilhas e atóis vulcânicos estão a ser acompanhadas de perto pelo impacto que podem ter na situação de segurança no Pacífico Sul.

As Ilhas Salomão entraram na órbita da China durante o governo do primeiro-ministro Manasseh Sogavare, que assinou um pacto de segurança com Pequim em 2022.

O líder cessante prometeu reforçar estes laços se for reeleito, mas os opositores estão preocupados com a influência de Pequim no arquipélago e defendem o restabelecimento dos laços com os parceiros tradicionais, como a Austrália e os Estados Unidos.

"Não temos inimigos naturais", declarou Kenilorea, lamentando que as Ilhas Salomão se tenham tornado num pomo de discórdia entre as duas maiores potências militares e económicas do mundo, a China e os Estados Unidos.

"Isto deu-nos notoriedade pelas razões erradas. Não precisamos de provocar tensões desnecessárias aqui", afirmou.

Os boletins de voto foram transportados para um centro de contagem fortemente protegido em Honiara, vigiado por equipas internacionais de soldados das Fiji e pela polícia australiana.

Os órgãos estatais chineses sugeriram que os EUA poderão estar a orquestrar motins para impedir o regresso ao poder do atual Presidente.

A embaixadora norte-americana, Ann Marie Yastischock, descreveu os rumores como uma "fraude flagrante".

"Refutamos veementemente as alegações feitas por meios de propaganda conhecidos de que a USAID [agência de ajuda norte-americana] e o governo dos EUA procuraram influenciar" as eleições, afirmou, em comunicado.

Os países ocidentais temem a abertura de uma base militar chinesa no território.

À celebração do pacto de segurança entre a China e as Ilhas Salomão, Washington reagiu com a inauguração de uma embaixada no país, que fica a cerca de dois mil quilómetros a nordeste da Austrália, e organizou uma cimeira com os líderes da região.

Os EUA também revitalizaram o Diálogo de Segurança Quadrilateral, ou Quad, a parceria entre EUA, Austrália, Japão e Índia, criada em 2007, para impulsionar a cooperação regional após o `tsunami`, que em 2004 devastou partes da região.

O objetivo da parceria é agora defender um Indo-Pacífico "aberto, livre e inclusivo", numa referência implícita às incursões da China nas águas, cujo controlo foi fundamental, durante a Segunda Guerra Mundial, para manter linhas de abastecimento logístico e projetar força militar.

A possibilidade de a China estabelecer uma base militar no Pacífico Sul é particularmente preocupante para a Austrália, já que transformaria a forma como Camberra vê as configurações de Defesa e segurança, ancoradas na aliança com os EUA.

 

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