Carles Puigdemont pede sessão do Parlamento da Catalunha após "pior ataque" desde Franco

por RTP
Albert Gea - Reuters

O presidente da Catalunha acusa o Governo de Mariano Rajoy de ter “empreendido o pior ataque às instituições e ao povo catalão” desde a ditadura de Franco. Puigdemont acusa Rajoy de ter “desprezado a vontade popular” expressa nas últimas eleições regionais. Carles Puigdemont pediu ao Parlamento para convocar uma sessão parlamentar para tomar uma decisão sobre a tentativa de Madrid de “liquidar” o autogoverno catalão.

A resposta do presidente da Generalitat surge depois de o Conselho de Ministros de Espanha ter decidido este sábado aplicar o artigo 155 da Constituição, tendo em vista a suspensão do estatuto de autonomia desta região e o “regresso à legalidade”.

Numa intervenção em castelhano, catalão e em inglês, Carles Puigdemont acusou Mariano Rajoy de impor um diretório sem respeitar o voto do povo catalão, acusando-o de se colocar fora do Estado de Direito.

“O Governo espanhol autoproclamou-se, de maneira ilegítima, representante da vontade dos catalães. Sem passar pelas urnas, sem nenhum apoio e contra a vontade da maioria, o governo de Mariano Rajoy pede um diretório para dirigir a vida da Catalunha a partir de Madrid”, afirmou o líder catalão numa declaração transmitida na televisão pública da Catalunha.

Para o líder independentista, Mariano Rajoy protagoniza o "pior ataque às instituições e ao povo da Catalunha desde os decretos de Franco". Carles Puigdemont considera que está a ser feito um "ataque à democracia que abre a porta a outros abusos em qualquer parte do Estado".
Recado à União Europeia
Carles Puigdemont alertou que o povo da Catalunha não pode aceitar as medidas “ilegais” agora anunciadas pelo Governo de Madrid e anunciou que pediu ao Parlamento para que seja realizada uma sessão plenária para decidir a resposta da região.

“Pedi ao Parlamento para nos reunirmos numa sessão plenária durante a qual nós, os representantes da soberania popular, poderemos responder a esta tentativa para liquidar o nosso governo e a nossa democracia e agirmos em conformidade”, afirmou.

O presidente da Generalitat falou também em língua inglesa, dirigindo-se à União Europeia. Carles Puigdemont defendeu que decidir o “futuro de uma nação não é um crime" e que a atual situação na Catalunha põe em causa também o resto da Europa.

Antes da intervenção de Puigdemont, a presidente do parlamento catalão tinha acusado o chefe do Governo espanhol de ter "ultrapassado todos os limites" com o anúncio de "um golpe de estado de facto".

Carme Forcadell defendeu que a decisão do Governo espanhol não tem "legitimidade política" nem "o apoio de uma maioria dos catalães".

"Os que enchem a boca falando da Constituição, caíram na mais flagrante inconstitucionalidade ao pretender suspender a democracia na Catalunha", disse a presidente do parlamento regional.
Rajoy acionou artigo 155
A resposta do presidente da Generalitat surge depois de o Conselho de Ministros extraordinário ter decidido este sábado aplicar o artigo 155 da Constituição, tendo em vista a suspensão do estatuto de autonomia desta região e o “regresso à legalidade”.

O presidente do Governo espanhol anunciou a dissolução do Governo catalão e a convocação de eleições regionais na Catalunha num prazo máximo de seis meses. Rajoy argumentou no entanto que não foi “suspensa a autonomia nem o autogoverno da Generalitat”, tendo alegado que a administração catalã continua a funcionar, embora sob ordens de novas autoridades designadas por Madrid.

Para Mariano Rajoy, o que se está a interromper são os mandatos das “pessoas que deixaram a comunidade catalã à margem da lei”.

A palavra cabe agora ao Senado espanhol, o qual deverá aprovar, no final deste mês, as medidas que enquadram a decisão do Governo central - demoradamente negociadas com os socialistas do PSOE, a maior força da oposição, e os centristas do Cuidadanos.
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