Caso Benalla. Audiências continuam esta semana

por RTP
O envolvimento de Macron no caso fez com que a sua popularidade atingisse o nível mais baixo durante o seu mandato Regis Duvignau - Reuters

Cinco altos funcionários do Ministério do Interior francês vão ser ouvidos esta segunda e terça-feira perante a Comissão do Senado, no seguimento do caso do ex-guarda-costas de Macron. A Assembleia Nacional irá ainda considerar duas moções de censura.

As audiências do caso Benalla continuam pela terceira semana. Depois de o ministro francês do Interior, Gérard Collomb, ter sido ouvido na Assembleia Nacional a 24 de julho, esta segunda-feira cinco funcionários do Ministério do Interior irão marcar presença numa audiência perante a Comissão do Senado.

Michel Lalande, presidente da região de Hauts-de-France, foi o primeiro a ser ouvido na audiência desta segunda-feira. Seguiu-se Jean-Marie Girier, chefe de gabinete do ministro do Interior e responsável pela contratação de Alexandre Benalla como chefe de segurança do presidente francês.

Stéphane Fratacci (director de gabinete do ministro do Interior) e Olivier de Mazieres (presidente da região de Bouches-du-Rhône) foram ouvidos durante a tarde. Terça-feira irá prestar declarações Christophe Castaner, delegado geral do partido “La République en marche”.

Ainda no dia 31, serão debatidas e votadas duas moções de censura apresentadas por partidos de direita e de esquerda que pretendem responsabilizar o governo pelo sucedido.

Segundo explica o jornal francês Le Monde, os republicanos, com 103 deputados, e os partidos de esquerda, com 63, não conseguem reunir a maioria necessário de votos (289 votos) para derrubar o governo.
Benalla disposto a testemunhar
Durante uma entrevista à plataforma digital Journal du Dimanche (JDD), a 28 de julho, Alexandre Benalla nega as agressões a um jovem registadas em vídeo durante as manifestações do 1º de maio.

O antigo segurança de Macron defende que apenas atirou o jovem ao chão mas não lhe bateu: “Foi vigoroso, admito. Eu sou impulsivo, mas não sou violento”.

Alexandre Benalla acrescenta que “prefere” prestar “explicações” às comissões de inquérito parlamentar.

Sobre a sua relação com Macron, Benalla classifica-a na entrevista como "cordial mas respeitosa". Acrescenta que na altura do conflito, disse estar disposto a demitir-se mas foi-lhe dito que não era necessário.
Macron em queda de popularidade
O presidente francês enfrenta aquela que já é descrita como a maior crise desde que foi eleito. Macron, juntamente com as autoridades francesas, é acusado de ter tentado encobrir o caso.

Inicialmente, a identidade do agressor era desconhecida, mas sabe-se agora que no dia seguinte à agressão, o staff do presidente Emmanuel Macron tinha conhecimento que o homem do vídeo, que estava fardado de polícia, não era na verdade polícia e sabia, inclusivamente, que o agressor era o próprio responsável da segurança do presidente.

Benalla, que servia como chefe de segurança desde que Macron foi eleito, foi suspenso por 15 dias mas acabou por voltar ao seu cargo pouco tempo depois, com mais mordomias ainda.

Na entrevista ao Journal du Dimanche, Benalla admite o conhecimento de Macron sobre a agressão do 1º de maio logo na altura da suspensão de 15 dias. Segundo Benalla, o presidente disse-lhe: "Você cometeu um erro grave e eu estou dececionado. Sinto-me traído. Você é castigado, é normal. Tenho confiança em si, mas você tem de aceitá-lo".

O envolvimento de Macron no caso fez com que a sua popularidade atingisse o nível mais baixo durante o seu mandato. A informação divulgada pelo Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), na revista Le Journal du Dimanche, demonstra que apenas 39 por cento dos franceses se revelam “satisfeitos” com o trabalho de Macron.

Os resultados foram retirados de um inquérito realizado a cerca de 2000 pessoas em dois momentos: 18 e 19 de julho, e uma semana depois, entre 25 e 27 de julho. No segundo período, a taxa de apoio dos franceses caiu de 41 para 37 por cento.
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