Caso Epstein. Justiça norte-americana revela 187 nomes ligados a rede de tráfico sexual

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Protesto contra Jeffrey Epstein, Nova Iorque, EUA, em julho de 2019 Shannon Stapleton - Reuters

Bill Clinton, Donald Trump ou o príncipe britânico André são algumas das figuras públicas que constam nos documentos revelados na quarta-feira à noite, pela justiça norte-americana, relativos ao processo judicial de Jeffrey Epstein. Acusado de crimes sexuais, o milionário norte-americano suicidou-se na prisão em 2019, aos 66 anos, antes de ir a julgamento.

Uma primeira leva de documentos judiciais relacionados com o magnata norte-americano Jeffrey Epstein, até agora confidenciais, foi publicada pelos tribunais federais de Manhattan na quarta-feira, segundo noticiaram vários meios de comunicação social.

A divulgação destes documentos tornou públicos vários nomes de contactos, conhecidos, familiares, alegadas vítimas ou até cúmplices de Jeffrey Epstein,
acusado de abuso sexual e tráfico de menores, numa ação judicial movida em 2015 por Virginia Giuffre – uma das principais denunciantes de Epstein, contra a britânica Ghislaine Maxwell, amante, parceira de negócios e cúmplice de Jeffrey Epstein.

Entre as 150 a 180 identidades identificadas nas cerca de mil páginas de documentos judiciais encontram-se vários empresários, políticos e celebridades, nomeadamente o príncipe André, de Inglaterra, o antigo presidente democrata norte-americano Bill Clinton e o antigo presidente republicano norte-americano Donald Trump, apesar de não haver menção a qualquer comportamento ilegal ou condenável da sua parte.

O nome do príncipe britânico André, de 63 anos, aparece por ter sido processado por abuso sexual por Virginia Giuffre, com quem chegou a um acordo extrajudicial, apesar de ter contestado as acusações. Mas também aparece no depoimento de Johanna Sjoberg, outra denunciante de Epstein, que acusou o príncipe de pôr a mão no seu peito para posar para uma fotografia com Epstein, Giuffre e Ghislaine Maxwell.
No caso de Bill Clinton, é mencionado dezenas de vezes nos documentos como “John Doe 36” por ser muito próximo de Jeffrey Epstein e ter viajado com ele nos anos 2000, no entanto não é feita qualquer indicação a atividades ilegais. À semelhança do magnata nova-iorquino, Donald Trump, mencionado como conhecido de Epstein, não lhe sendo imputado qualquer comportamento criminoso nos documentos divulgados.

Muitos dos nomes divulgados esta quarta-feira já são conhecidos, tendo sido anteriormente identificados durante o julgamento de Ghislaine Maxwell em 2021, no qual esta foi condenada a 20 anos de prisão por ter ajudado o milionário norte-americano a recrutar e abusar sexualmente de jovens menores. Virginia Giuffre acusou Maxwell de a ter recrutado, quando esta era menor de idade, para ser abusada por Epstein e vários políticos e líderes financeiros.

Apesar da divulgação da lista de nomes que integravam a rede de contactos de Epstein, ordenada pela juíza nova-iorquina Loretta Preska a 18 de dezembro, a identidade de vítimas que eram à data menores de idade ou de quem não prestou declarações públicas vai permanecer oculta.

Jeffrey Epstein foi detido em julho de 2019, acusado de abusar sexualmente e traficar dezenas de jovens raparigas no início dos anos 2000, tendo se suicidado na cela da prisão, em Nova Iorque, em agosto de 2019.

c/ agências
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