Cerca de 300 soldados norte-coreanos morreram na guerra entre a Rússia e a Ucrânia

por Cristina Sambado - RTP
Cela onde se encontra um alegado soldado norte-coreano detido após ter sido capturado pelo exército ucraniano em 11 de janeiro de 2025 Ukrainian President Volodymyr Ze - Anadolu via AFP

Cerca de 300 soldados norte-coreanos destacados por Pyongyang para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia, foram mortos, revelou um deputado sul-coreano que citou os serviços secretos de Seul.

"As estimativas indicam que o número de baixas entre as fileiras das forças norte-coreanas ultrapassou as três mil, incluindo cerca de 300 mortos e 2.700 feridos", indicou Lee Seong-kweun aos jornalistas, após uma reunião dos serviços secretos sul-coreanos esta segunda-feira em Seul.

Lee afirmou ainda que a Coreia do Norte está a encorajar os soldados enviados a cometerem suicídio para evitarem ser capturados."As notas encontradas nos soldados mortos indicam que as autoridades norte-coreanas os pressionam a suicidarem-se", incluindo "fazerem-se explodir (...) antes de serem capturados", sublinhou.

Os soldados norte-coreanos capturados não mostraram qualquer intenção de vir para a Coreia do Sul, embora Seul esteja disposta a cooperar com a Ucrânia se tal for solicitado, avançou a agência noticiosa Yonhap, citando o NIS.

A Ucrânia, os Estados Unidos e a Coreia do Sul acusam a Coreia do Norte, país com armas nucleares, de ter enviado mais de 10 mil soldados para ajudar as forças russas.

Nem Moscovo nem Pyongyang reconheceram que soldados norte-coreanos foram destacados para combater as forças ucranianas, mas para o Presidente da Ucrânia o facto de dois norte-coreanos terem sido detidos mostra que Moscovo "não pode prescindir do apoio militar de Pyongyang a partir de agora".
Troca de soldados norte-coreanos por ucranianos
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou que Kiev está disposto a trocar soldados norte-coreanos capturados na Ucrânia a Pyongyang, se Kim Jong Un facilitar a sua troca por militares ucranianos mantidos em cativeiro na Rússia.

Zelensky disse no sábado que a Ucrânia tinha feito prisioneiros dois norte-coreanos na região russa de Kursk, a primeira vez que Kiev anunciou a captura de soldados norte-coreanos desde a sua entrada na guerra de quase três anos, no outono passado.

Para além dos primeiros soldados capturados da Coreia do Norte, haverá sem dúvida mais. É apenas uma questão de tempo até que as nossas tropas consigam capturar outros”, disse Zelensky na rede social X.

O Presidente ucraniano publicou um pequeno vídeo que mostra o interrogatório de dois homens que são apresentados como soldados norte-coreanos. Um deles estava deitado numa cama com as mãos enfaixadas e o outro estava sentado com uma ligadura no maxilar.

Um dos homens disse, através de um intérprete, que não sabia que estava a combater contra a Ucrânia e que lhe tinham dito que estava num exercício de treino.

O soldado norte-coreano revelou ainda que se escondeu num abrigo durante a ofensiva e que foi encontrado alguns dias depois. E que, se lhe fosse ordenado que regressasse à Coreia do Norte, o faria, mas que estava disposto a ficar na Ucrânia se lhe fosse dada essa oportunidade.

“A Ucrânia está disposta a entregar os soldados de Kim Jong Un se ele conseguir organizar a sua troca pelos nossos guerreiros que estão a ser mantidos em cativeiro na Rússia”, afirmou Zelensky.

“Um deles (soldados) expressou o desejo de ficar na Ucrânia, o outro de regressar à Coreia”, acrescentou Zelensky.

O Presidente ucraniano revelou ainda que para os soldados norte-coreanos que não quisessem voltar para casa, pode haver outras opções disponíveis e “aqueles que expressarem o desejo de aproximar a paz divulgando a verdade sobre esta guerra na (língua) coreana terão essa oportunidade”.

Avaliações ucranianas e ocidentais dizem que cerca de 11 mil soldados da Coreia do Norte, aliada da Rússia, foram destacados para a região de Kursk para apoiar as forças de Moscovo. A Rússia não confirmou nem negou a sua presença.

Zelensky revelou ainda que as forças russas e norte-coreanas tinham sofrido pesadas perdas.

c/agências
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