China acusa Alemanha de "exagerar tensões" regionais na Ásia

A China criticou hoje a Alemanha que acusou de "exagerar as tensões" entre Pequim e os países vizinhos, depois das declarações do chefe da diplomacia alemã que considerou Pequim "cada vez mais agressiva" na Ásia-Pacífico.

Lusa /
Reuters

Uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês declarou, durante uma conferência de imprensa regular, que a situação nos mares da China de Leste e de Sul "permanece globalmente estável".

"Exortamos as partes envolvidas a respeitar os países da região, a resolver os problemas através do diálogo e da consulta e a preservar os interesses comuns de paz e estabilidade, em vez de provocar confrontos e exagerar as tensões", salientou Mao Ning, numa reação do Governo chinês ao comunicado alemão.

"A questão de Taiwan faz parte dos assuntos internos da China", lembrou ainda.

Durante uma visita ao Japão, o ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, afirmou que o gigante asiático ameaçava "alterar unilateralmente o `status quo` e mudar as fronteiras a seu favor".

Wadephul citou, em particular, as ações de Pequim no estreito de Taiwan e no mar do Sul da China e no mar da China Oriental, onde a país tem disputas de soberania com o Japão e as Filipinas, entre outras nações.

"Qualquer escalada neste sensível centro nevrálgico do comércio internacional teria graves consequências para a segurança e a economia mundiais", acrescentou Wadephul, no final de uma reunião com o homólogo japonês, Takeshi Iwaya.

Numa declaração publicada no domingo, antes do início da visita ao Japão, Wadephul indicou que a China "afirma cada vez mais a supremacia regional e, ao fazê-lo, também questiona os princípios do direito internacional".

"O comportamento cada vez mais agressivo da China (...) também tem implicações para nós na Europa: os princípios fundamentais da nossa coexistência global estão em jogo aqui", acrescentou, de acordo com a mesma nota.

Johann Wadephul também criticou "o apoio da China à máquina de guerra russa" na Ucrânia.

"Sem esse apoio, a guerra de agressão contra a Ucrânia não seria possível. A China é o maior fornecedor de bens de dupla utilização da Rússia e o melhor cliente de petróleo e gás", afirmou.

Wadephul considerou, antes das negociações previstas para hoje entre os Presidentes norte-americano, Donald Trump, ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus, que as garantias de segurança para Kiev "eram cruciais".

A cimeira de sexta-feira entre Trump e o homólogo russo, Vladimir Putin, no Alasca "mostrou claramente que, para uma paz justa e duradoura, Moscovo tem de agir finalmente. Até que isso aconteça, a pressão sobre a Rússia deve ser reforçada, nomeadamente através de uma maior ajuda à Ucrânia", observou Wadephul.

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