China e Ethiopian Airlines imobilizam frota Boeing 737 após queda de avião

por RTP
Tiksa Negeri - Reuters

Uma caixa negra do aparelho já foi encontrada, de acordo com a televisão estatal. A companhia aérea Ethiopian Airlines anunciou esta segunda-feira que imobilizou todos os seus Boeing 737 MAX, depois do acidente de domingo com um destes aparelhos. A queda do avião provocou a morte a todos os 157 ocupantes da aeronave. As autoridades chinesas e indonésias ordenaram a todas as companhias aéreas do país que deixem de usar temporariamente os Boeing 737 MAX. A Boeing considera não haver razões para emitir novas orientações às operadoras.

O aparelho da Ethiopian Airlines despenhou-se na manhã deste domingo. O voo ET 302, destinado a Nairobi, desapareceu dos radares apenas seis minutos depois de sair do aeroporto de Addis Abeba. Uma testemunha citada pela Agência France Presse, relata que o avião estava a arder antes de embater no solo. Nenhum dos ocupantes sobreviveu.

A televisão estatal etíope anunciou esta segunda-feira que foi recuperada uma caixa negra do avião, aquela que faz as gravações de voz no cockpit.
O Boeing 737 MAX foi entregue à Ethiopian Airlines em 2018 e fez a manutenção a 4 de fevereiro.
Não há, para já, qualquer indicação das autoridades sobre as causas do acidente. No entanto, este é o segundo acidente com aparelhos Boeing 737 em menos seis meses. A 29 de outubro, um avião deste modelo caiu ao largo da Indonésia, também poucos minutos depois de levantar voo, matando 189 pessoas.

Uma das caixas negras do voo da Lion Air assinalou problemas no indicador da velocidade, num sensor mudado pouco tempo antes. Dados da caixa-negra do Boeing da Lion Air mostram que os pilotos tentaram contrariar o sistema automático de segurança que obrigava o avião a descer, segundo um relatório preliminar das autoridades indonésias. No entanto, ainda não há conclusões finais da investigação.

Ainda sem respostas, tanto a companhia etíope como as autoridades chinesas optaram por medidas preventivas.

"Após o trágico acidente de (voo) ET 302 (...), a Ethiopian Airlines decidiu imobilizar toda a sua frota de Boeing 737 MAX de ontem (domingo), 10 de março, até novo aviso", informou a companhia aérea, num comunicado publicado na rede social Twitter.

“Apesar de ainda não sabermos as causas do acidente, decidimos imobilizar esta frota em particular, como uma medida extra de segurança”, reforça a companhia, que detém outros seis aparelhos do modelo em causa.


Pequim ordenou às companhias aéreas chinesas que suspendam todos os voos com Boeing 737 MAX. A Administração de Aviação Civil da China (CAAC)argumenta que “dados os dois acidentes que envolveram dois Boeing 737 entregues recentemente, e que aconteceram ambos durante a fase de descolagem, há um grau de similaridade”. A entidade acrescentou que esta ordem está ligada a uma política de “tolerância zero” perante ameaças à segurança.

As companhias aéreas chinesas operam com 96 Boeing 737 MAX. Toda a frota chinesa envolve mais de dois mil aparelhos.O Boeing 737 MAX é a nova versão do “best-seller” 737, e os primeiros voos aconteceram em 2017. Até fim de janeiro, a Boeing entregou 350 aparelhos às companhias clientes e tem mais 4,661 pedidos.

A CAAC garante que a ordem só será retirada depois de contactarem a Boeing e a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos para assegurar a segurança dos voos. Mais tarde, a Indonésia anunciou também que iria imbolizar estes aparelhos. A Coreia do Sul anunciou estarem a conduzir inspeções de emergência aos dois aparelhos da Eastar Jet.

Em resposta, a Boeing afirmou que a investigação ao acidente de domingo ainda está numa fase inicial e que não há necessidade de emitir novas orientações às operadoras dos Boeing 737 MAX, baseando-se na informação que detêm até agora.

“A segurança é a nossa principal prioridade e estamos a tomar todas as medidas para compreender totalmente todos os aspetos do acidente, trabalhando próximo da equipa de investigação e de todas as autoridades regulatórias envolvidas”, refere o porta-voz da companhia, numa declaração à agência Reuters.
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