China enfrenta "sérios desafios" apesar das perspetivas "brilhantes"

por RTP
Aly Song - Reuters

O Presidente chinês, Xi Jinping, que abriu esta quarta-feira o XIX Congresso do Partido Comunista (PCC), deixou ainda a garantia de que a economia chinesa “vai abrir ainda mais portas ao mundo”.

“O grande rejuvenescimento da nação chinesa não é um passeio no parque ou um mero rufar de tambores e ressoar de gongos. Todo o partido deve estar preparado para fazer esforços cada vez mais difíceis e duros”, afirmou Xi Jinping, que aos 64 anos é considerado o mais forte líder chinês das últimas décadas e que deverá receber um segundo mandato de cinco anos na liderança da segunda maior potência económica mundial.

Segundo o Presidente chinês, “para realizar grandes sonhos, é preciso travar grandes batalhas”.

No seu discurso de três horas, o secretário-geral do PCC apontou a disparidade de rendimentos, desemprego, educação e saúde como áreas em que os problemas não têm sido devidamente abordados e frisou que o partido “deve assumir riscos e superar fortes resistências”.

Xi frisou que está na altura da China “se transformar numa força poderosa, capaz de liderar o mundo inteiro em questões políticas, económicas, militares e ambientais”. “A nação levantou-se, cresceu e ficou mais forte. Agora é tempo de abraçar o seu rejuvenescimento”.

Xi Jinping prometeu que o PCC “terá tolerância zero para com a corrupção” e que a organização “continuará a purificar-se, melhorar e reformar-se”.

O secretário-geral do PCC incitou os membros do partido a “resistir á busca do prazer, inação, ócio e fuga aos problemas” e defendeu que “o partido deve opor-se firmemente a todos os esforços para dividir a China”.

Xi enalteceu ainda o reforço da segurança doméstica, afirmando que a estabilidade social foi mantida e a segurança nacional fortalecida.
Abrir as portas ao mundo
Xi Jinping afirmou ainda que a China “vai abrir ainda mais as portas ao mundo” e prometeu um tratamento justo para as empresas estrangeiras no país. O líder chinês comprometeu-se também a “desenvolver um novo modelo comercial e industrial”.

“A abertura traz progresso, o encerramento recuos. A China não vai fechar as suas portas ao mundo, vai abrir-se ainda mais”, garantiu.

Segundo Xi Jinping, “o Governo vai proteger os direitos e interesses legítimos dos investidores estrangeiros e todas as empresas registadas na China serão tratadas em pé de igualdade e de forma justa”.

Pequim exige que empresas estrangeiras na China estabeleçam parcerias com firmas locais, normalmente grupos estatais. As empresas têm assim que partilhar tecnologia com parceiros que talvez se venham a tornar concorrentes.

As empresas estrangeiras acusam, há várias décadas, as empresas estrangeiras de pirataria e roubo de tecnologia.

No outono de 2013, o primeiro-ministro chinês, Li Kepiang, tinha prometido às empresas estrangeiras "um ambiente onde todos os atores teriam igual acesso à produção, ao mercado e à proteção legal", mas as reformas de abertura que apresentou não foram, na grande maioria, concretizadas.
Apelo ao desenvolvimento tecnológico
Xi Jinping apelou ao desenvolvimento da indústria tecnológica da China, um setor marcado por tensões comerciais e acusações de que Pequim encoraja a usurpação do know-how estrangeiro.

O líder chinês apelou à “construção de um país de inovadores, com empresas que compitam em setores como a aeronáutica, internet e energias renováveis”.
Pequim está a lançar um plano designado "Made in China 2025", para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos setores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
"Vamos reforçar a pesquisa de base em ciências aplicadas, lançar grandes projetos nacionais nas áreas da ciência e tecnologia e priorizar a inovação de tecnologias-chave", afirmou Xi.

O Presidente chinês revelou que “promoverá a cooperação entre universidades, institutos de pesquisa, firmas estatais e pequenas empresas”.

Nos últimos tempos, empresas chinesas têm adquirido firmas estrangeiras do ramo tecnológico, suscitando preocupações nos países desenvolvidos de perda de vantagem competitiva.
Reunião quinquenal
O PCC reúne-se em congresso de cinco em cinco anos e o encontro dura uma semana. Na reunião magna, os 2.287 delegados, oriundos de 31 províncias, fixam as diretrizes para o quinquénio seguinte e elegem o Comité Permanente do Politburo, a cópula do poder na China, que inclui sete membros, entre os quais Xi Jinping e o primeiro-ministro, Li Keqiang.

Li deve obter um novo mandato, enquanto os restantes cinco devem retirar-se. A dúvida reside na continuidade de Wang Qishan, diretor do órgão máximo anticorrupção da China, que puniu mais de um milhão de membros do PCC nos últimos anos, parte de uma campanha lançada por Xi Jinping.

Os delegados presentes no Congresso integram Governo, exército, firmas estatais e organizações populares, que representam a maioria dos 89 milhões de membros do partido.

Num processo secreto, os delegados vão escolher os cerca de 200 membros permanentes do Comité Central e 150 rotativos, de entre 400 candidatos.

O Comité Central elege depois os 25 membros do Politburo e os sete do Comité Permanente do Politburo. A formação será apenas conhecida no final do Congresso.O discurso de abertura é o único momento do congresso aberto à comunicação social.

A ascensão de membros leais a Xi permitirá a este avançar com a sua visão política e económica ao longo dos próximos cinco anos.

Xi é considerado o mais forte líder chinês das últimas décadas e deve garantir um segundo mandato de cinco anos.

Num discurso de abertura do Congresso preferido perante centenas de delegados do PCC, a maioria homens de fato escuro que aplaudiram sincronizadamente, Xi Jinping saudou ainda a nova assertividade da política externa chinesa.

C/ Lusa
Tópicos
pub