Ciclone Kenneth faz estragos no norte de Moçambique

por RTP
O ciclone perdeu força, mas mantém-se elevado o risco de cheias e de deslizamentos de terras NASA/ EPA

Dados preliminares sobre a passagem do ciclone Kenneth pelo norte de Moçambique, nas últimas horas, referem pelo menos uma vítima mortal na cidade de Pemba. O fenómeno perdeu força, mas continua a causar chuvas fortes e mantém-se elevado o risco de cheias e deslizamentos de terras.

A morte de uma pessoa em Pemba, no norte de Moçambique, vitimada pela queda de uma árvore, é noticiada pela agência Lusa, que cita fonte da Proteção Civil daquele país africano. Por confirmar está a informação de uma segunda vítima mortal em Macomia, uma vila cerca de 150 quilómetros a norte da cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado.

As autoridades locais estão a debater-se com dificuldades no levantamento de danos, enfrentando a falta de energia e cortes de comunicações.As Linhas Aéreas de Moçambique prolongaram até esta sexta-feira o cancelamento de ligações aéreas entre Maputo e Pemba por causa do ciclone Kenneth.

Há neste momento notícia de danos materiais de monta no norte do país: casas de construção frágil destruídas pela chuva e pelo vento e famílias sem teto no arquipélago das Quirimbas e nos distritos continentais de Quissanga, Mucojo e Macomia.

O Kenneth abateu-se sobre a região setentrional de Moçambique com a categoria quatro, ou seja, a segunda mais acentuada.

Os ventos contínuos atingiram os 225 quilómetros por hora e as rajadas os 270 quilómetros por hora, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).

“O ciclone Kenneth pode exigir uma grande operação humanitária em paralelo com a resposta em curso ao ciclone Idai”, alertou a mesma estrutura.



O coordenador de operações humanitárias da ONU em Moçambique, Marcoluigi Corsi, afirmava na quinta-feira que a organização estaria preparada para enfrentar os efeitos do ciclone.

“A ONU mobilizou uma equipa que já está em Pemba, capital da província de Cabo Delgado, e colocou bens de ajuda para assistir a população dos distritos que poderão ser afetados”, adiantou o responsável à ONU News.

Por sua vez, Daniel Timme, representante da Unicef, admitiu no Twitter que não haveria “muito a fazer” para “evitar o desastre”, acrescentando que foram destacados para o norte de Moçambique técnicos de saúde e nutrição, além de peritos em saneamento, água e proteção de menores.


“Será crucial que estas pessoas estejam lá para trabalhar com as organizações de emergência do país para organizar a primeira resposta”, vincou Timme.



As autoridades moçambicanas evacuaram zonas de risco de cheias após a ativação do alerta vermelho, na passada quarta-feira. Perto de 30 mil pessoas foram deslocadas para dezenas de centros de acolhimento, a maioria montada em escolas.

O centro de Moçambique foi atingido em março pelo ciclone Idai, que causou 603 vítimas mortais e afetou um total de 1,5 milhões de pessoas.

c/ Lusa
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