Cidade mais quente do Paquistão exige medidas

por Lusa

Os habitantes da cidade paquistanesa de Jacobabad, onde se registam temperaturas insuportáveis para as pessoas, esperam que os países reunidos a partir de domingo na cimeira do clima da ONU atuem contra a crise climática.

A organização Amnistia Internacional (AI) assinalou hoje que as temperaturas em Jacobabad, cidade de 200.000 habitantes no sul do Paquistão, "ultrapassaram regularmente os 50ºC nos últimos quatro verões" e, pelo menos em quatro ocasiões desde 1987, "as temperaturas e os níveis de humidade atingiram um limite descrito pelos especialistas como `mais quente do que o corpo humano pode suportar`".

"Pedimos às potências internacionais para adotarem medidas que ajudem a reduzir as altas temperaturas para que as futuras gerações possam viver aqui", disse à agência noticiosa espanhola EFE Muzammil Hussain, estudante residente naquela cidade.

A 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) vai decorrer em Glasgow (Escócia) entre 31 de outubro e 12 de novembro.

"Já vimos conferências como esta antes, mas não se tomaram medidas concretas para limitar o aquecimento global", lamentou Hussain.

Em 28 de maio de 2017, o Departamento Meteorológico do Paquistão registou a temperatura mais elevada até agora na cidade de Turbat, também na província de Sindh, 54 graus.

Mas os especialistas notam que Jacobabad é, em média, a cidade mais quente do país, com as temperaturas a chegarem aos 52 graus no verão.

"Evitamos sair à rua durante o dia, raramente se vê gente", explicou o estudante.

Quando as temperaturas ultrapassam os 50 graus, as insolações são frequentes.

"Todos os dias, quando a humidade e as temperaturas estão altas, recebemos entre 15 e 20 pacientes com insolação", disse à EFE um médico do Instituto de Ciências Médicas de Jacobabad.

A AI lembrou hoje num comunicado o "impacto das alterações climáticas nos direitos humanos" e o "imediatismo da crise climática para algumas das pessoas mais pobres do mundo".

Na segunda-feira, num fórum sobre o clima organizado na Arábia Saudita, o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, disse que o país está entre os mais vulneráveis às alterações climáticas, tendo sofrido "152 acontecimentos meteorológicos extremos que causaram prejuízos de 3.800 milhões de dólares (3.277 milhões de euros)" nos últimos 10 anos.

Mais de uma centena de chefes de Estado e de governo são esperados na COP26, onde deverão apresentar os compromissos e planos dos respetivos países para o combate ao aquecimento global.

 

 

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